A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizará, na próxima quinta-feira (4), o leilão do 5G, em que 15 empresas vão disputar a outorga de direito de uso de radiofrequência, por onde os sinais do 5G serão transmitidos. Em entrevista à Sagres, nesta sexta-feira (29), o presidente da Anatel, Leonardo Morais, afirmou que a nova tecnologia “vai remodelar a sociedade e os meios produtivos”.

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“A gente fala de algo que envolve e potencializa várias tecnologias. Portanto, não se trata apenas de aumento da velocidade, conforme ocorreu na transição da terceira para a quarta geração. O 5G tem outras facetas e notadamente aquelas relacionadas à Internet das Coisas, seja para aplicações massivas, como agrobusiness, por exemplo, que representa 25% do nosso PIB (Produto Interno Bruto)”, declarou o presidente.

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A Internet das Coisas, citada por Leonardo, é a capacidade de objetos que fazem parte do dia a dia ficarem conectados entre si e com o usuário. Um exemplo é o smartwatch, que é conectado com o smartphone e oferece ao usuário a possibilidade de realizar operações em um aparelho usando outro. Hoje, essa conexão é feita, na maioria das vezes, por bluetooth, além da necessidade de ambos os aparelhos estarem conectados à internet para determinadas tarefas. Com o 5G, a expectativa é que essa conexão seja facilitada e englobe mais objetos.

Para o presidente da Anatel, essa será o terceiro grande ciclo de conectividade. “O primeiro grande estágio foi conectar os domicílios no final da década de 90. Em seguida, foi unir as pessoas e aí nós deixamos de conectar 68 milhões de residências para conectar 210 milhões de brasileiros. E agora vem um novo ciclo que é representado pelas coisas. Então, a gente sai da ordem de centenas de milhões para a ordem de bilhões”.

Apesar de estar na “primeira infância”, Leonardo declarou que o 5G vai catalisar a inovação e outras tecnologias como inteligência artificial, robótica, realidade aumentada e realidade virtual.

Maior leilão da história da Anatel

Segundo o presidente da Anatel, este será o maior leilão da história da Anatel, em função da quantidade de espectro radioelétrico disponibilizado para o mercado. Ao considerar isso e com a necessidade da implantação e propagação da tecnologia, a companhia de telecomunicações desenhou um leilão “não arrecadatório”.

“Isso significa que terá um viés mais voltado para compromissos de investimentos. Em termos de custo de oportunidades, o valor econômico das faixas de radiofrequência seria algo na ordem de R$ 50 bilhões, só que nós vamos cobrar R$ 3 bilhões. Então, R$ 47 bilhões, aproximadamente, serão destinados para compromissos de investimentos, que não seriam realizados, não fosse o instrumento vinculante que é o edital, que tem força de Lei”, pontuou Leonardo.

Dentre os compromissos que as empresas vencedoras terão de assumir, está a disponibilização de cobertura 5G em mais de 31 mil quilômetros de estradas federais, com mais de mil trechos de rodovias. “Isso é fundamental para segurança nas estradas, assim como para eficiência do escoamento, da produção agrícola e industrial”, pontuou

Outro investimento necessário será a estruturação da cobertura de celular para mais de 9,5 mil localidades, como vilarejos e povoados, que, hoje, não têm acesso à rede móvel. “Esse leilão, aliás, dialoga com muitas frentes importantes de Estado, cidadania e inclusão digital, que é fundamental hoje para inclusão social. Não podemos mais falar de inclusão social desassociada de inclusão digital”, declarou Leonardo.

O cuidado com o meio ambiente também é uma prerrogativa que está presente no edital. A empresa vencedora do leilão deverá destinar R$ 1,5 bilhão para projetos de conectividade de transporte de dados na Região Amazônica. “Isso é uma infraestrutura fundamental, não apenas pelo desenvolvimento sustentável, mas para a própria fiscalização daquele bioma”, reforçou o presidente..

Assista à entrevista no Sagres Sinal Aberto: