Um novo estudo, recentemente publicado na revista científica Nature, lança luz sobre uma abordagem inovadora para avaliar os padrões de biodiversidade nos trópicos. Tradicionalmente, os estudos no campo da Ecologia e Evolução têm correlacionado a riqueza de flora e fauna de determinadas regiões do mundo com sua proximidade ao Equador e as condições climáticas locais.
No entanto, este novo estudo, conduzido por um grupo de pesquisadores liderados por Marco Túlio Coelho, doutor formado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), revela uma perspectiva inovadora.
A pesquisa, intitulada ‘The geography of climate and the global patterns of species diversity’, teve início em 2020 e destaca a importância não apenas das áreas “quentes e úmidas”, mas também da notável “isolamento” dessas áreas entre si. Então, esse fenômeno explica o crescimento exclusivo da biodiversidade nesses locais e está intrinsecamente ligado à geografia climática.

O estudo
O estudo, apesar de não ter o objetivo de abordar questões específicas, como a identificação das espécies mais ameaçadas de extinção, oferece insights que podem influenciar a forma como abordamos os desafios ambientais em um mundo em constante mudança, especialmente com as preocupações relacionadas ao aquecimento global.
Marco Túlio enfatiza que, ao considerar o aquecimento global e suas implicações para a biodiversidade, é preciso esclarecer várias questões cruciais: “Cerca de um terço da razão de haver tanta vida nos trópicos não é apenas porque é quente e úmido. É também porque esses tipos de clima cobrem uma vasta área e são realmente isolados. Isso significa que plantas e animais nessas áreas têm muito espaço isolado para crescer, mudar e se tornar únicos”.
“Como o tamanho e a configuração de diferentes climas mudarão? Algumas zonas climáticas ficarão maiores? Outras desaparecerão? Se o clima do planeta fosse um quebra-cabeças de repetições de cores em múltiplas peças, algumas peças da mesma cor se dispersariam mais e outras se aproximariam? Com base no estudo, conhecer as respostas para essas perguntas é crucial para nos preparar melhor para proteger a biodiversidade no planeta”, ressalta o pesquisador.
A pesquisa
A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores da UFG e outras instituições, foi financiada pela Swiss National Science Foundation e realizada no âmbito do INCT em “Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade”, sediado na UFG e apoiado pelo CNPq e Fapeg.
Os autores do artigo são: Marco Túlio P. Coelho, Elisa Barreto, Thiago F. Rangel, José Alexandre F. Diniz-Filho, Rafael O. Wüest, Wilhelmine Bach, Alexander Skeels, Ian R. McFadden, David W. Roberts, Loïc Pellissier, Niklaus E. Zimmermann e Catherine H. Graham.
Mas, vale ressaltar que este estudo representa um avanço significativo na compreensão dos padrões de biodiversidade nos trópicos e pode desempenhar um papel fundamental na conservação e na gestão sustentável do nosso planeta diante das mudanças climáticas.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática
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