Romain Saiss, eu e Medhi Benatia (Foto: Monara Marques)

Futebol já foi um universo aberto. Hoje, é cada vez mais frio, distante. O acesso a jogadores é tão restrito que gera até uma sensação de isolamento, da parte deles, e de impotência, da nossa parte. “O que fazer?”. Foi o que me perguntei quando me deparei, de surpresa, com a delegação de Marrocos, um dia antes da partida contra Portugal.

Já era final de noite. Tinha uma conferência com o Brasil, que está seis horas atrás do nosso relógio. Ainda assim, o movimento no hotel, de uma famosa rede internacional, era grande, ainda mais pelo horário.

Em situações como esta o sinal de alerta fica sempre ligado. Um torcedor, colegas de imprensa, nativos, tudo pode virar pauta, até os detectores de metal que separam hóspedes de visitantes. Reparei dois seguranças a mais. Olhei para o hall, alguns torcedores tirando fotos. Não, não eram só selfies.

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Torcedores com a seleção marroquina (Foto: Monara Marques)

Os pés se aceleraram em direção a eles. As mãos já tiravam o celular do bolso. Sim, minha foto saiu desfocada. É que os olhos já estavam em outro lugar. Passando pelos detectores. Pelos dois seguranças. E por meia dúzia de torcedores que só estavam ali pelo click. “Quem era esse?”, precisava me certificar antes de seguir minha intuição. “Um jogador da Seleç….”. Nem esperei completar a frase.

O cartão do hotel, onde um colega estava, me deu passagem. No hall, dois jogadores. “Quem é do da esquerda?”, perguntei a vários torcedores, um dia depois, já na chegada do estádio, mostrando a foto da capa. “Ele não é famoso”, respondia sem dizer o nome. “Caramba, é você na foto? Tira uma comigo!”, disfarçavam os que não sabiam, imaginando que eu fosse famosa.

Famoso era o da direita. No currículo, Udinese, Roma, Bayern de Munique e agora Juventus. Entrevista? Nem pensar! Isso eu faço hoje, depois do jogo, na zona mista ou na coletiva de imprensa, com mil colegas quebrando queixo ao meu lado.

O mais importante era trocar aquele sorriso constrangedor com quem vive os segundos intermináveis de um elevador que não chega. “Have a good night, Benatia”, disse antes de continuar subindo.

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Torcedores marroquinos e a “famosa” Monara (Foto: Monara Marques)