Junior Kamenach
Junior Kamenach
Jornalista, repórter do Sagres Online e apaixonado por futebol e esportes americanos - NFL, MLB e NBA

Ficar de olho na vida de outras pessoas pode ser “fuga da realidade”, alerta especialista

Em uma sociedade hiperconectada, a busca pela vida de outras pessoas se tornou um fenômeno cada vez mais presente, seja por meio das redes sociais, dos reality shows ou até mesmo da tradicional fofoca. Mas por que nos interessamos tanto pela vida dos outros?

A filósofa Patrícia Caetano, em entrevista ao programa Tom Maior do Sistema Sagres, explica que essa necessidade está diretamente ligada à falta de autoconhecimento e ao desejo de preencher um vazio existencial.

Segundo Patrícia, muitas pessoas acabam fugindo da própria realidade porque não se conhecem o suficiente para encontrar satisfação dentro de si mesmas. “A falta de conhecimento sobre aquilo que nos motiva intimamente nos impede de buscar respostas por nós mesmos”, explica.

“Quando eu não me conheço, eu não me domino, eu não me controlo. Eu não reconheço aquilo que tenho de bom.”

Desconhecimento

Esse desconhecimento de si leva a uma constante necessidade de buscar distrações externas. As redes sociais, por exemplo, oferecem uma enxurrada de conteúdos que permitem a imersão na vida de outras pessoas, muitas vezes sem nenhuma contribuição real para o crescimento pessoal.

Se a tecnologia trouxe novas formas de consumir a vida alheia, a fofoca é uma prática antiga que se mantém presente em qualquer ambiente.

Além disso, o hábito de falar sobre os outros pode criar barreiras nas relações interpessoais. “Acaba que o interesse deixa de ser humano”, explica. “O que importa na relação entre as pessoas deveria ser o que cada um tem de bom, como podemos crescer juntos e melhorar nossas interações.”

A filosofia

Diante dessa necessidade de fuga da realidade, a filosofia estoica pode trazer respostas valiosas. Nesse sentido, Patrícia sugere quatro obras clássicas que ajudam a refletir sobre a importância de viver o presente: A Arte de Viver, de Epíteto; Sobre a Brevidade da Vida, de Sêneca; Meditações, de Marco Aurélio; e Agenda Estoica, da filósofa brasileira Lúcia Helena Galvão.

“O pensamento estoico nos ensina a aceitar tudo aquilo que a vida nos traz no momento presente”, explica Patrícia. “Se um problema chega até você, significa que está à sua altura resolvê-lo. Assumir essa responsabilidade é tomar as rédeas da própria vida.”

Para os estóicos, viver o presente é a chave para a realização pessoal. “Quando você vive o presente, você se realiza enquanto ser humano. Porque o presente, de fato, é um presente que o tempo nos dá”, conclui Patrícia.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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