O professor Alexandre Braga participou do “Filosofando”, quadro do Tom Maior, e falou sobre a educação integral do ser humano. Segundo o professor, as escolas filosóficas entendem que a educação tem o propósito de revelar para o ser humano o que seria o descobrimento do seu ser para ele mesmo. “Uma educação completa seria a possibilidade do ser humano descobrir o que há dentro dele”, contou.

Braga destacou que a educação deveria ser aquele algo que possibilita o ser humano encontrar algo dentro de si que ele entenda como sua personalidade e a partir disso se relacione com os demais. “Então a educação seria algo que possibilitasse o ser humano a expressar a sua natureza humana”, disse.

A construção da imaginação

Na vida, somos eternos aprendizes. Desde que nascemos começamos a notar a nossa presença no mundo, a anotar na nossa mente o que as pessoas próximas fazem e é assim que construímos as referências da nossa personalidade. No entanto, parte dessa construção ocorre de maneira planejada por currículos da educação básica. 

Alexandre Braga explica que o aprendizado nunca termina, como os sábios da antiguidade que sempre iam em busca das coisas que ainda não sabiam. “A educação para a vida toda seria isso, a cada instante, a cada experiência da vida, a gente consegue assimilar algo e aprender algo que antes a gente não tinha”. 

A construção dessa aprendizagem começa ainda na infância e o primeiro passo dela, é a imaginação. Por isso, então, o professor destaca a importância de adaptar a linguagem para cada etapa da vida. Para crianças, linguagem lúdica; para adolescentes, o desenvolvimento do espírito heroico e aventureiro, que os incentiva a explorar o mundo.  

As duas fases são extremamente importantes para a educação integral do ser humano. “Isso vai criar no ser humano a possibilidade dele sonhar com a vida porque se ficarmos apenas circunscritos a problemática da vida, isso acaba cerceando os nossos sonhos. E a juventude é o momento que a gente pode sonhar com a vida, porque as nossas responsabilidades ainda são menores”, argumentou. 

A construção do ser humano

A educação é então integral quando o ser humano consegue se realizar enquanto ser. “Isso quer dizer que se a gente for sintetizar o caminho para a felicidade do ser humano, está no quanto ele consegue descobrir de si mesmo, nas suas qualidades e potencialidades. A educação seria esse viés dele conseguir se expressar e desabrochar a sua potencialidade humana”, explicou.

Assim, a educação se integra quando as potencialidades da educação básica, da matemática, física, ciência, história e geografia, auxiliam na descoberta de quem a pessoa deseja ser no futuro. Desta forma, a educação vai além da sala de aula da escola, mas educa para toda a vida.

“Essas matérias e todo o conhecimento que a gente adquire durante a vida acaba se tornando necessário, mas depende muito da forma como a gente consegue aplicar. Então, a filosofia pode contribuir ao colocar um propósito para todas elas. Elas se tornam trampolins e nos dão potencialidade, não fica só no círculo técnico-profissional, mas faz com que cada um contribua com a sociedade, não pelo trabalho necessariamente, mas por aquilo que a gente é ”, disse.

Perspectivas e referências

A educação básica deve ser complementar à formação humana. Desde crianças, nos espelhamos uns aos outros e assim construímos nossas referências. Alexandre Braga reforçou que é na infância e na adolescência que começamos a tomar referências para a vida toda.  

“É quando  a criança está assistindo um filme e ela quer ser o personagem do filme ou muitas vezes ela vê o bombeiro, a professora, e quer ser aquilo. Então ela acaba tomando o mundo como referência”. Esta fase abre possibilidades para o futuro, cria valores, desenvolve a heroicidade e, consequentemente, constrói o ser humano. 

“E todo esse espírito heroico que a gente constrói possibilita que ela acredite nesses sonhos. A criança vai carregar isso durante a vida toda e no final, digamos assim, já na senioridade, tudo aquilo que já foi recolhido de aprendizado na vida agora vai ser passado como uma passagem de bastão para aqueles jovens que estão começando o processo, então o ciclo se fecha”, contou o professor.  

“Vai abrindo perspectivas e criando referências para que a gente possa de uma forma sólida e objetiva começar a construir o ser humano que a gente quer ser no futuro”, filosofou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de Qualidade.

Veja mais do Tom Maior: