Goiânia segue com decreto de medidas mais restritivas, mesmo com cidades da Região Metropolitana, como Aparecida de Goiânia e Anápolis começando a flexibilizar suas ações. Em entrevista à Sagres, o procurador-geral do Município de Goiânia, Antônio Flávio de Oliveira, defendeu a continuidade do decreto e afirmou que a situação se agravou enormemente.

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“Nós não podemos partir do pressuposto que a medida correta seja aquela que flexibiliza quando nós estamos num momento de escalada dessa pandemia. A pandemia, neste momento, ela cresce, ela tem uma curva ascendente”.

Uma preocupação que as análises têm mostrado, segundo o procurador, é a circulação das novas cepas. Antônio contou que hoje, acredita-se que as cepas P1, P2 e a britânica estão mais presentes entre os cidadãos goianos. “Isso é dado científico, as cepas que estão circulando agora são muito mais terríveis, mais duras e mortais do que a cepa do início da pandemia”, declarou.

A velocidade com que os novos leitos de UTIs abertos são ocupados também é motivo de inquietação. O procurador relatou que a capital atende cidades do interior, o que aumenta a taxa de ocupação na cidade. “Nós estamos esgotando a possibilidade de criação de novos leitos se já não aconteceu isso”.

Antônio disse ainda que cada cidade tem sua particularidade e que não sabe quais serão os resultados obtidos pelos municípios que flexibilizaram. “Eu espero que sejam boas, eu torço para que sejam boas. Se isso vier a acontecer, sinalizará para nós uma boa medida a ser adotada, mas eu tenho convicção que as medidas que nós podemos adotar são as medidas que constam no decreto”.

Sobre a reação de parte população, que argumenta contra o fechamento das atividades não essenciais e também sobre alguns representantes de igrejas que alegam que os templos não podem ser fechados pois é inconstitucional, Antônio deixou claro que as igrejas não estão fechadas. Segundo ele, o atendimento individualizado pode ser realizado, mas cultos e missas devem ser suspensos para conter a transmissão do vírus.

“Qualquer argumento é possível de ser utilizado em uma discussão jurídica. Agora, se isso vai ter sucesso, resultado positivo, aí é outra história. Não há nenhum fundamento para um eventual pedido de declaração de inconstitucionalidade em relação às restrições que são feitas neste momento aos estabelecimentos comerciais por conta da pandemia”.

O procurador pediu que haja colaboração e que apenas com a aceitação do povo, o decreto poderá ser flexibilizado.

Vacinas para o Município

O procurador explicou que a prefeitura de Goiânia ainda tem interesse em adquirir vacinas para o povo goianiense, mas que vê uma certa dificuldade. “Há uma legislação agora, expedida pelo Governo Federal, que diz que toda vacina comprada tem que ser colocada no Plano Nacional e distribuída no país todo”.

Antônio contou que os recursos utilizados para a compra de vacinas seriam do município e não da Federação, o que dificultaria a operação, mas que vão insistir na ideia.

“A gente conhece e reconhece os argumentos que são utilizados no sentido de compartilhamento da vacina. Mas, eu não acho correto e nem adequado, neste momento, que na falta de um Plano Nacional de Imunização – que deveria ter sido adotado bem no início da pandemia e se tivesse sido, não estaríamos nessa condição hoje – a gente acabe tendo que abrir mão de atender o cidadão goianiense”, encerrou.