O programa Fraternidade em Ação desta semana repercute os assuntos que remetem à reflexão sobre o mundo, a vida e a paz de espírito.

O dominical vai ao ar às 9h DA MANHÃ, após o Raiz Brasileira com Justino Guedes, e tem a apresentação de Sebastião Ribeiro, Monica Fernanda, Jonathas Procópio e William Batista.
Edição e montagem: Roberval Silva ( voluntários).

Um oferecimento do Centro Espírita Caridade O Caminho.

Confira o tema do programa desta semana.

A JUSTIÇA

Justiça

Livro Coração e vida
Espírito Maria Dolores
Médium Chico Xavier
Lição 31

Este episódio aconteceu, há tempos,
E está guardado na memória
De quantos compartilham desta história.

Um condenado à morte pela forca
Acusado de um crime,
Sem proteção a que se arrime,
Tudo aceitou sem reclamar.

A hora da execução chegara, enfim…
Muita gente na praça se adensava
No intuito de aplaudir
A presença da morte, em estranho festim.
Explodiam na tarde clara e quente
Estas palavras de clamor:
— “Morte ao bandido!… Morte ao matador!…”

O prisioneiro chega e encontra o sacerdote
Que o seguirá na cena derradeira…
Em torno, a multidão
Gritava rumorosa e galhofeira…
Mas entre o padre e o réu se estabelece
A conversa ligeira
Que o povo crê, no fundo, condensar
O amparo de um conselho e a bênção de uma prece
Que o ministro de Deus promove com pesar.
— “Filho — diz o pastor — sei que estais inocente,
Posso agora dizer esta verdade,
Questão de consciência e lealdade
Que preciso estender a toda gente…”

— “Padre, como sabeis?”
— Interrogou ansioso o réu aflito —
“Se estou no fim, segundo as nossas leis?”

O sacerdote amigo
Aconchegou-se mais ao penitente
E lhe falou, paternalmente:
— “Na semana passada,
Ouvi a confissão inesperada
Do homicida infeliz…
Ele morreu comigo, após contar-me
Calculando as palavras, uma a uma,
Que não tendes culpa alguma…
No derradeiro alento,
Cansado de remorso e sofrimento,
Pediu-me vos livrasse, ante as autoridades,
Documentadamente,
Porquanto, ele somente
É o responsável pelo crime
Que vos foi imputado injustamente,
E devo executar-lhe as últimas vontades”.

No entanto, o sentenciado
Estampando na face uma expressão de horror,
Disse, em tom abafado:
— “Padre amigo,
Nesse crime, não fui o matador;
Quanto a isto, já sei,
Mas deixai que se cumpra a exigência da lei”.
E, fitando o pastor, de modo inesquecível
Rematou, afinal:
— “A justiça é de Deus e o remorso é terrível…
Recordai vosso irmão assassinado,
Há quase cinco anos,
Por entre espancamentos desumanos?
O rapaz despojado
Da fortuna de um banco que trazia?
Aquele vosso irmão que amáveis tanto,
Pelo qual vossa mãe morreu de saudade e de pranto,
Cuja morte no mundo
Permanece envolvida em mistério profundo?”

O sacerdote ouvira, trêmulo e assombrado
Mas nada respondeu…
Após comprida pausa, disse o condenado:
— “O assassino fui eu…
Não me livreis da forca a que me entrego,
Já não aguento mais a culpa que carrego…”

Pálido, o sacerdote
Exclamou, fatigado:
— “Para mim, já não sois o sentenciado,
Sois também nosso irmão
Mereceis nosso amor,
Em nome do Senhor,
Estais vós perdoado…”

Mas, nisso, a multidão
Crendo haver terminado aquele entendimento,
Que lembrava um diálogo discreto,
Avançou sobre o preso, em tumulto completo…
Não houve qualquer tempo
Para maior explicação.
Aos gritos delirantes
De “morte ao matador”
Sob a guarda robusta
Que tomara feitio protetor,
O infeliz a tremer, triste e descalço,
Subiu ao cadafalso…

Alguns momentos mais,
E o corpo entremostrando angústia indefinida,
Balançava sem vida.
E, na turba, a gritar, perante a horrível cena,
Entre vaias finais e assovios plebeus,
O sacerdote em pranto,
Sem que o povo lhe ouvisse a palavra serena,
Murmurava, sozinho, em pequeno recanto:
— “A justiça é de Deus… A justiça é de Deus…”

Ante a Justiça

Livro Construção do amor
Espírito Emmanuel
Médium Chico Xavier
Lição 5

Muitas vezes, enquanto na Terra, sentimo-nos vitimados pelo destino e clamamos pela justiça do Céu.
Se a aflição, porém, te constringe a garganta qual golilha de brasas, contempla, em torno, aqueles que conhecendo a Lei, abusam das faculdades e talentos que a vida lhes emprestou e estendem, ao redor do caminho, o pranto da desolação e o hálito da morte.
Observa os que acumulam dinheiro criando os tormentos da fome, os que se valem do poder temporário implantando a revolta e a penúria, os que aproveitam a inteligência para ferir e os que mobilizam a mocidade, instilando no próximo o desencanto e a loucura…
Repara como sorriem agora qual se o mundo lhes pertencesse, entretanto, amanhã, fanar-se-lhes-á repentinamente do domínio para encontrarem, de frente, a necessidade do reajuste nos institutos da Contabilidade Celeste.
Identificas hoje, quais se mostram, e lembra-te de que talvez foste também assim no pretérito — no pretérito que a Misericórdia de Deus te permite transitoriamente esquecer…
Recorda que também acionaste ouro e autoridade, raciocínio e beleza para flagelar e humilhar, chagar ou denegrir e aceita no presente o cálice de amargura, por remédio feliz, capaz de lavar-te o ser, para a alegria da luz.
Não rogues justiça nos dias de tua dor e sim aumento de compaixão nos tribunais da Divina Sabedoria, restaurando a ti mesmo, para seguir à frente, valoroso e sereno, na própria redenção ante a Bênção da Lei.

Diante da justiça

Livro Palavras de vida eterna Espírito Emmanuel
Médium Chico Xavier
Lição 112

“…Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” — JESUS (Mateus, 5.20)

Escribas e fariseus assumiam atitudes na pauta da Lei Antiga.
Olho por olho, dente por dente. Atacados, devolviam insulto. Perseguidos, revidavam, cruéis.
Com Jesus, porém, a justiça fez-se a virtude de conferir a cada qual o que lhe compete, segundo a melhor consciência.
Ele mesmo começou por aplicá-la a si próprio.
Enredado nas trevas pela imprudência de Judas, não endossa condenação ou desforço.
Abençoa-o e segue adiante, na certeza de que o amigo inconstante já carregava, consigo mesmo, infortúnio suficiente para chorar.
Ainda assim, porque o Mestre nos haja ensinado o amor sem lindes, isso não significa que os discípulos do Evangelho devam caminhar sem justiça, na esfera das próprias lutas.
Apenas é forçoso considerar que, no padrão de Jesus, a justiça não agrava os problemas do devedor, reconhecendo-lhe, ao invés disso, as necessidades que o recomendam à compaixão, sem furtar-lhe as possibilidades de reajuste.
Se ofensas, pois, caírem-te na alma, compadece-te do agressor e prossegue à frente, dando ao mundo e à vida o melhor que possas.
Aos que tombam na estrada, basta o ferimento da queda; e aos que fazem o mal, chega o fogo do remorso a comburir-lhes o coração.

Confira as edições anteriores do Fraternidade em Ação