Foto: Reprodução/Site Chico de Minas Xavier

O Carnaval e a Espiritualidade

O verbete “carnaval” foi composto com a primeira sílaba das palavras a “carne nada vale”. Uma visão dos orientadores Espirituais No livro “Nas Fronteiras da Loucura” de Manoel Philomeno de Miranda, vamos encontrar um relato sobre as atividades de socorro a encarnados e desencarnados, desenvolvidas por uma grande equipe espiritual, sob o comando do Dr. Bezerra de Menezes, nos dias de carnaval de 1982, na Cidade do Rio de Janeiro.

A POPULAÇÃO INVISÍVEL

1. A população invisível ao olhar humano era acentuadamente maior do que a dos encarnados;

2. Disputavam entre si a vampirização das vítimas encarnadas, que eram telecomandadas;

3. Estimulavam a sensibilidade e as libações alcoólicas de que participavam;

4. Ingeriram drogas, utilizando-se dos comparsas no corpo físico;

5. Se interligavam a desmandos e orgias lamentáveis;

6. Uns magotes desenfreados atacavam os burlescos transeuntes, transmitindo-lhes induções Nefastas;

7. Davam início, assim, a processos nefandos de obsessões demoradas;

8. Misturavam-se espíritos de aspecto bestial e lupino, verdugos e técnicos de vampirização do tônus sexual, em promiscuidade alarmante com inúmeros encarnados.

(Nas Fronteiras da Loucura)

A INSPIRAÇÃO

Muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas, em visitas a regiões inferiores do além, onde encontravam larga cópia de deformidades e fantasias de horror.

(Nas Fronteiras da Loucura)

CONCENTRAÇÃO MENTAL

A grande concentração mental de milhões de pessoas, na fúria carnavalesca, irradiações dos que participavam ativamente, enlouquecidos, e dos que, por qualquer razão, se sentiam impedidos, afetava para pior a imensa área de trevas, ao tempo em que esta influenciava os seus mantenedores.
Nesse período, instalam-se lamentáveis obsessões coletivas que entorpecem multidões, dizimam existências, alucinam valiosos indivíduos que se vinculam a formosos projetos dignificadores.

(Entre os Dois Mundos)

AFINIDADE

Acurando a vista, podia perceber que, não obstante a iluminação forte, pairava uma nuvem espessa onde se agitava outra multidão, porém, de desencarnados, mesclando-se com as criaturas terrestres de tal forma permeada, que se tornaria difícil estabelecer fronteiras delimitadoras entre uma e outra faixa de convivência.
(Entre os Dois Mundos).

A FESTA TERÁ FIM UM DIA?

A festa é vestígio da Barbárie e do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte, sem agressão nem promiscuidade.
(Nas Fronteiras da Loucura). 

CARNAVAL

Por Emmanuel / Psicografia de Chico Xavier

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever. 

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.

(Psicografado por Chico Xavier em julho de 1939 / Revista Internacional de Espiritismo, janeiro de 2001).

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