Nos últimos dias, os países nórdicos foram atingidos por uma onda de frio extremo. Na região norte da Suécia, a temperatura mínima atingiu um recorde de  -43,6°, a mais baixa registada no país (em janeiro) nos últimos 25 anos.

Em outros locais, como na Noruega, as escolas suspenderam as aulas em municípios do sul por causa da grande quantidade de neve. No noroeste da Finlândia, um novo recorde de frio foi registrado com os termômetros registaram 42 graus negativos. Já na Dinamarca, a neve atingiu meio metro de altura, o máximo desde 2011, de acordo com o Instituto Meteorológico do país.

E a chegada do frio extremo acontece justamente depois das altas temperaturas registradas em 2023, o ano considerado mais quente na história mundial de acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia. Para explicar as causas de mudanças climáticas tão drásticas, a reportagem do do Sistema Sagres de Comunicação ouviu o cientista Paulo Artaxo, especialista em física aplicada e problemas ambientais.

“O planeta inteiro está passando por um processo de mudanças de clima muito intenso. Essa mudança de clima envolve o aumento de eventos climáticos extremos, ou seja, tanto enormes ondas de calor, como também ondas de frio intenso como essas que estão ocorrendo nos Estados Unidos e Europa. então o clima já mudou e está mudando rapidamente com a intensificação dos eventos climáticos extremos”, que logo explicou que o hemisfério sul, especialmente o Brasil, não será atingido pelo rigoroso frio.

“Não, porque obviamente é o período de verão no hemisfério sul e o inverno no hemisfério norte”.

Aquecimento global

Segundo Paulo Artaxo, o aquecimento global – que se refere à concentração de gases na atmosfera e o aumento anormal das temperaturas no planeta -, é a principal causa para as temperaturas extremas.

“Com certeza, nós estamos observando essa mudança do clima, tanto do ponto de vista de ondas de calor e de frio, tudo isso é causado pelo aquecimento global e o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre”, disse o cientista, que demonstrou preocupação com o impacto negativo na sociedade e no ecossistema.

“Todos os eventos climáticos extremos preocupam porque eles impactam de maneira diferente tanto a sociedade, quanto os ecossistemas como um todo. Então é difícil dizer: esse evento climático é mais preocupante do que outro. Por exemplo, no caso do Brasil, com a seca, estamos observando que tem tido um impacto importante do ponto de vista da produtividade agrícola. Isso, obviamente preocupa”.

Futuro

Sobre o futuro, Paulo Artaxo foi claro em dizer que o clima pelo pelo planeta não vai normalizar. “São mudanças permanentes”, alertou. Assim, a preocupação passar a ser com a redução dos danos que os eventos climáticos extremos podem causar

“O que podemos fazer, é reduzir a queima de combustíveis fósseis pra que possamos diminuir o impacto da mudança climática para o futuro. Essa é uma tarefa muito importante a ser realizada. Estamos vendo um aumento da intensificação das mudanças climáticas como um todo. Sem sombra de dúvidas, essa situação que já está se tornando crítica, vai piorar. A ciência é muito clara sobre essa questão”, finalizou.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

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