Foi lançado no último sábado (29), em São Paulo, o livro: “Futebol Feminino no Brasil: entre festas, circos e subúrbios, uma história social (1915-1941)”, da historiadora Aira Bonfim, que relembrou a época em que as mulheres foram proibidas de jogar futebol por um decreto do então presidente Getúlio Vargas.

“O livro nos ajuda a entender que o decreto não surge do nada, ele está em consonância com o desenvolvimento de mulheres que estão jogando muita bola nesse período. Elas não representavam apenas uma categoria de gênero, mas são mulheres que têm outras categorias e marcadores sobre elas, por exemplo, de raça e de classe, são mulheres negras oriundas de uma periferia carioca”, explica a historiadora, em uma entrevista concedida ao portal Catarinas.

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Entre os anos de 1941 e 1983, as mulheres brasileiras foram proibidas de jogar futebol por um decreto-lei de Getúlio Vargas. A justificativa era de que a prática do esporte era incompatível com as condições biológicas das mulheres. Mas, antes da lei, já havia mulheres jogando futebol no país, como mostram investigações da historiadora Aira Bonfim.

“Ao analisar o protagonismo de futebolistas nas décadas inaugurais do século 20, remove das sombras corpos e subjetividades historicamente invisibilizadas, silenciados e destituídos de direitos. Sua narrativa sublinha a ousadia e coragem de muitas mulheres que, a despeito de tudo e de todos, lutaram para jogar bola”, escreveu a pesquisadora e ativista do futebol de mulheres, Silvana Goellner, na contracapa do livro.

A produção da obra é independente e pode ser adquirida online por R$65 mais o valor do frete.

A autora

Aira Bonfim é historiadora do esporte. Recentemente defendeu um mestrado na área de História, mais especificamente, sobre a História do Esporte, trazendo as memórias do futebol feminino brasileiro nos anos que antecederam a proibição no nosso país, em 1941.

Historiadora Aira Bonfim

Em 2011, se tornou a pesquisadora do Museu do Futebol, em São Paulo, no estádio do Pacaembu, com a missão de trazer a memória esportiva a partir da modalidade de futebol, uma memória que está sempre em disputa, que não está restrita à seleção masculina, nem mesmo aos times de primeiras divisões.

Desde 2015, trabalha com as histórias das mulheres do futebol, não só futebol feminino como modalidade, mas principalmente as mulheres que estão envolvidas nesse futebol há mais de 100 anos, sabendo que mulheres já narraram, já trabalharam como árbitras, já cobriram, já escreveram sobre futebol desde os inícios do século 20.

Hoje, não trabalha mais no Museu do Futebol, porém presta serviço por meio de uma empresa de pesquisa e também faz curadorias de exposições sobre mulheres no esporte.

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