O gerente do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil, Alexander Rose, avalia como “péssima” a preservação do Cerrado no país. Ele aponta que parcerias são o caminho para a solução. O alemão, residente em Brasília há 26 anos, toma como base novos estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Os números apontam aumento do desmatamento e redução acelerada da área de vegetação nativa
“Péssima. É péssima”, enfatiza. “Os números que saíram agora mostraram que tem só 35% da vegetação nativa. Ainda tinha metade, o que já é um desastre, e agora sabemos que só tem 35% preservado. Então, o Cerrado é o bioma que está sendo desmatado na maior velocidade. Eu diria que a preservação é desastrosa e é um forte risco de perder o lindo Cerrado que temos aqui, na sua totalidade”, afirma.
Alexander Rose é Gerente Sênior de Meio Ambiente do Pacto Global da ONU no Brasil. Ele garante que a busca por parcerias e trabalhos conjuntos são a principal forma de conter a degradação ambiental. “Nós acreditamos que a chave está em ações coletivas. Juntas as empresas em plataformas e grupos de trabalho, como nós do Pacto Global estados fazendo”, exemplifica.
Pacto Global
Rose faz referência à iniciativa da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. Os princípios são materializados nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Durante visita a Goiânia, o gerente foi questionado sobre a atuação prática das Nações Unidas para que a produção possa encontrar soluções sustentáveis.
“É aprender boas práticas, uns com os outros. Tentar produzir mais em menos área, sem expandir mais. Já está comprovado que é perfeitamente viável conciliar a preservação ambiental com a produção agropecuária. Além do mais, precisamos dessa área de floresta em pé. Justamente para regular nosso ciclo hídrico, nosso clima, e isso vale para a agricultura também. Muitas empresas do agrobusiness sabem disso”, explica.
Desmatamento
Enquanto o desmatamento registra queda gradativa na Amazônia, a situação é inversa no que se refere ao Cerrado. Nos cinco primeiros meses de 2023, foram registrados 3.532 km² de destruição, índice 35% superior ao registrado visto no mesmo período de 2022. O último mês de maio, de forma específica, teve crescimento de 83% nos alertas de desmatamento no bioma, chegando a 1.326 km².
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis; ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática; ODS 15 – Vida Terrestre; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.
