O professor da Escola de Comunicações e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Luiz Côrtes, destacou a importância da gestão de resíduos após a recente catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre os desafios enfrentados pelo Estado, a remoção e o destino dos detritos acumulados nas ruas têm sido uma prioridade.
Com a diminuição das águas, uma variedade de itens como entulho, móveis, eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos tem surgido espalhada pelas vias públicas, exigindo soluções imediatas e eficazes para seu descarte.
O professor Côrtes ressalta que, de acordo com a legislação vigente, os detritos devem ser destinados a aterros sanitários. “Um aterro é preparado para receber os resíduos. Então ele tem uma camada impermeabilizante na parte inferior, impedindo que o chorume e os líquidos penetrem no solo e contaminem o lençol freático. Há também a captura de gases, notadamente metano, e muitas vezes esse metano é usado para a produção de energia elétrica.”
Dificuldade
No entanto, ele alerta para a dificuldade dos aterros em absorver a grande quantidade de resíduos resultante da tragédia. Nesse contexto, a reciclagem emerge como uma alternativa estratégica e necessária, oferecendo uma solução sustentável para a gestão dos resíduos e contribuindo para a reconstrução do Estado.
“A boa notícia é que é possível reciclar vários desses itens, o que reduziria essa quantidade de material descartado em lixões ou em terrenos e, inclusive, em meio à crise, representa uma oportunidade de negócio. Uma dessas opções é a reciclagem de resíduos de construção civil e demolição. Tijolos, paredes, pisos. Isso tudo pode ser moído e triturado para ser utilizado na construção de paredes que a gente chama de fechamento, sem função estrutural. Podemos usar para fazer um piso, um muro, esse material só não é utilizado para fazer colunas e vigas, por exemplo. Contudo, ele representa uma economia importante no uso de material de recursos naturais. Ou seja, você não precisa ir lá na natureza coletar areia, pegar o granito, você pode reutilizar o que já foi usado”, elucida.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis
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