Embora o pico da pandemia do novo coronavírus no Brasil ainda seja uma realidade distante ou desconhecida, as atividades no país aos poucos vão retornando. Entre elas, o futebol. A exemplo do Goiás, que deu 20 dias de férias para seus atletas e demais funcionários relacionados ao departamento de futebol, na próxima semana muitos clubes retornarão às suas atividades, contudo de uma maneira diferente.

Túlio Lustosa, gestor de futebol do Goiás, participou na última sexta-feira (17) de um programa nas redes sociais do clube da Serrinha e esclareceu que “retornaremos com os treinos a distância ainda. Isso significa que os atletas não estarão em Goiânia no dia 21 de abril, eles retomam aquela rotina de treinos com o nosso preparador físico, o Alexandre Lopes, passando os treinamentos através do grupo de WhatsApp e tentando fazer uma ou outra videoconferência com os atletas que requerem um cuidado especial”.

“Após isso, estamos nos programando para retornar aos treinos presenciais no dia 2 de maio. Digo que estamos nos programando, porém tudo pode mudar a qualquer momento. Recebemos orientações da CBF, da Conmebol e acompanhamos outras ligas importantes no mundo, mas a qualquer momento pode mudar. Infelizmente nessa pandemia não podemos engessar muito as coisas, elas podem mudar e temos que ser maleáveis para essas mudanças”, ressaltou.

(Foto: Rosiron Rodrigues/GEC)


Sobre a forma como o trabalho será feito, o gestor de futebol esmeraldino explicou que “os atletas retornam presencialmente aos treinos em Goiânia no nosso centro de treinamento, porém divididos em vários grupos. O campo será dividido em quadrantes, cada atleta vai ocupar esse quadrante para que respeite o distanciamento do companheiro, então trabalhos coletivos, a princípio, não teremos ainda. Vamos respeitar isso até que novas recomendações sejam passadas”.

Como medida preventiva contra o contágio e seguindo exemplos do que já ocorre em clubes europeus, “na retomada aos treinos será respeitado esse distanciamento, cada um no seu quadrante, com a sua bola e seu material específico para que não ocorra nenhum tipo de risco de contaminação caso algum atleta esteja com algum sintoma, e isso será monitorado. A partir do momento que o atleta pisar no CT será medido a temperatura, e não só do atleta, como de todos os membros da comissão técnica”.

Túlio Lustosa ainda acrescentou que “o nosso departamento médico funcionará exaustivamente em todo período de treinamento. Estamos dividindo em vários subgrupos e cada atleta ficará determinado a treinar em um certo horário. São quatro grupos, sendo que quatro atletas por campo – temos dois campos para o departamento profissional. Teremos o monitoramento de parte da comissão técnica em um campo, a outra parte da comissão em outro campo”.

A ideia, segundo o dirigente esmeraldino, é “se aproximar daquilo que consideramos o ideal no momento, pelo menos para o atleta recondicionar o mais rápido. Assim que for possível trabalhar tática e tecnicamente com todo o grupo, faremos isso”. Túlio afirmou ainda que “temos que estar preparados para o campeonato retomar a qualquer momento. Não sei se isso será próximo ou se irá demorar um pouco mais, mas o certo é que o atleta tem que se conscientizar que ele tem que estar treinando em um alto nível sempre”.

Durante o período entre a paralisação por tempo indeterminado do Campeonato Goiano e a definição das férias coletivas, o Goiás já tinha adotado o método de trabalho de casa com seus atletas. O departamento de preparação física passava diariamente os atletas formas de manter o condicionamento físico das suas casas. Durante as férias, como tradicionalmente ocorre no final do ano após o encerramento da temporada, os jogadores também foram instruídos com uma cartilha de treinos e demais orientações.

“É uma pré-temporada que vamos fazer com os atletas, eles estão conscientes disso e espero que desses dez dias que vamos ter um home office, cada um dentro de casa com sua academia improvisada e sua maneira particular de treinar, que cheguem aqui e tenham perdido menos do que talvez se tivessem ficado parado. Esse é o objetivo do trabalho em casa, que eles possam se condicionar o máximo possível para que voltem e não estejam na estaca zero, que estejam em um estágio apto a fazer trabalhos mais fortes”, acrescentou.

Com o já apertado calendário do futebol brasileiro, podem faltar datas para cumprir as tabelas definidas inicialmente das competições. Por isso, há uma discussão sobre um intervalo menor das partidas, de 48 horas, ao contrário da determinação tradicional entre 66 e 72 horas. Túlio frisou que “ninguém ainda bateu o martelo em relação a isso. Os próprios atletas terão que se manifestar, porque eles são parte diretamente envolvida nisso. Como diretoria, defendo pelas circunstâncias”.

“É uma circunstância emergencial em que talvez precisemos disso, de intervalos menores entre um jogo e outro. Caso isso ocorra, temos elenco suficiente, com mais de 30 atletas, então cabe à comissão técnica saber revezar esses atletas de um jogo para outro e acompanhem aqueles que estejam mais cansados”. A alternância será importante “para que não ocorra o risco de lesão, porque esse é o prejuízo maior quando se tem uma sequência muito grande de jogos em um intervalo curto”.