Bandeira da Itália (Foto: Pixabay)

O drama que os brasileiros assistem de longe na Itália, está sendo vivido de perto por duas goianas de Mineiros, cidade localizada a 420 km de Goiânia. Morando na Europa há 15 anos, a veterinária Yarla Carvalho tem convivido diariamente com o aumento sistemático no número de casos de coronavírus e também de mortes provocadas pela doença. Ela e o noivo moram em Santarcangelo di Romagna, município de 20 mil habitantes na região da Emília-Romanha, que fica a 300 km da Lombardia que é o epicentro da pandemia de coronavírus no país. 

A Tia da Yarla, chefe de cozinha e estudante Elenir Lopes, também nascida no interior de Goiás, mora em Londres, na Inglaterra. Elenir morou por 26 anos na Itália, onde ainda residem seus dois filhos que são representantes comerciais em Bérgamo. Além do grau de parentesco, as duas também tem um pensamento em comum: alertar os brasileiros e sobretudo os goianos para a situação caótica que chegou o sistema de saúde do país onde moram e assim tentar evitar que fatos semelhantes se repitam do outro lado do Atlântico.

Yarla Carvalho explica o contexto de um episódio que viralizou nas redes sociais. Quando caminhões do exército carregados de caixões andaram em comboio pelas ruas de Bérgamo.

comboio de caminhoes do exercito transportam mortos pelo coronavirus em bergamo na italia 211200 articleCaminhões do Exército em comboio transportando mortos pelo coronavírus em Bergamo, na Itália. (Foto: Reprodução / Internet)

“Os caixões foram acumulados dentro de igrejas e hotéis enquanto aguardavam os tramites legais para cremação. Os crematórios não conseguem mais cremar na velocidade com que as pessoas estão morrendo. Por isso, o exército foi chamado para transportar as vítimas para outras regiões e lá submetê-los a esse processo”, disse a brasileira.

A veterinária goiana ainda detalha um outro drama que as famílias das vítimas têm passado. “As pessoas em estado grave são buscadas de ambulância em casa e muitas das vezes, essa é a última vez que seus familiares os veem. Porque depois vão para a UTI, ficam em isolamento e acabam morrendo de um modo bem solitário. As famílias geralmente nem conseguem velar o corpo, porque não há mais estrutura para os velórios”.

“O que está havendo na Itália é para deixar em choque”

Os números de mortes causados pelo coronavírus tem aumentado diariamente na Itália. Só neste sábado (21), 783 pessoas perderam suas vidas. E a goiana Elenir Lopes tenta explicar um dos motivos da crise. “O que está havendo na Itália é para deixar em choque”, disse. “No início, o governo acreditou e eu também acreditei que era uma ‘gripezinha’ de nada. E que no máximo mataria uns ‘velhos’. Hoje tenho vergonha desse meu pensamento, pois, fui insensível. Afinal, todos temos idosos na família. Lá também se falava em alarmismo”, completou Elenir.

Sobre as lições que o Brasil pode tirar do drama italiano, Elenir é enfática. “Os brasileiros têm a chance de não aumentarem as estatísticas. Ainda são poucos casos vocês têm condições de bloquear o contagio do vírus. E o único meio de fazer isso é ficando em casa. Não sejam egoístas, pensem nos seus pais, nos seus avós e nas pessoas que não tem essa escolha e fiquem em casa!”.

Ouça a entrevista na íntegra e os principais assuntos da semana no Conexão Sagres #1

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*Matéria atualizada com correção de informação: Mineiros fica localizada a 420 km de Goiânia, e não a 300 km como havia descrito