O Correio oficial do Estado de Goiás estampou em sua capa, no dia 5 de maio de 1936, a seguinte manchete:

“A fundação do primeiro Clube Esportivo Goianiano”.

Sim, goianiano. Termo à época atribuído aos nascidos na nova Capital fundada três anos antes, Goiânia.

O texto prosseguiu:

“A União Americana Esporte Clube é em homenagem à Associação Atlética União Goiana e ao América Esporte Clube seus tradicionais colegas de Vila Boa de Goiaz”.

Estava lançada a semente do futebol em Goiânia naquele 29 de abril de 1936. Depois de dois jogos entre jogadores da própria equipe, a União Goiana fez oficialmente o seu primeiro jogo contra o Botafogo de Anápolis no dia 12 de julho de 1937.

A partida foi realizada em um campo denominado como “provisório”. A única referência sobre a localização é que ficava no meio do caminho entre os 5 quilômetros que separavam Goiânia de Campinas. O placar ficou 1 a 1.

Esse primeiro jogo oficial de Goiânia foi marcado por homenagens ao então governador Pedro Ludovico Teixeira, ao prefeito de Goiânia Venerando de Freitas Borges e aos engenheiros responsáveis pela construção da nova Capital Jeronimo e Abelardo Coimbra Bueno.

Bastante ligado aos antigos moradores da Cidade de Goyaz e também às elites da nova Capital, o União Americana não caiu nas graças dos Campineiros que no ano seguinte fundavam o seu próprio clube. O Atlético.

As raízes do União Americana, porém, serviram de acordo com o jornalista João Batista Filho em seu livro “Arquivos do Futebol Goiano” para a fundação de um novo clube, o Goiânia.

A inspiração em times de outros Estados foi uma tônica do início do futebol goianiense. A explicação vem da origem dos construtores da nova Capital. Antes de adotar o atual nome, o Goiânia, por exemplo, foi Corinthians com sua primeira camisa sendo preta com gola branca.

No Atlético, as cores rubro-negras e o escudo semelhante ao do São Paulo foram sugeridos por um dos fundadores, Edison Hermano, que torcia para Flamengo e para o tricolor paulista. Aliás, até o estádio do Atlético poderia ter tido outro nome, já que a ideia inicial era denominá-lo Arthur Friedenreich, em homenagem ao grande jogador do futebol brasileiro nos anos 20 e 30.

A rivalidade entre alvinegros e rubro-negros polarizou as forças do futebol em Goiânia entre os anos 30 e 60. O primeiro torneio da Cidade foi um triangular realizado em dezembro de 1938 que acabou tendo o título dividido, após o árbitro que era um dos fundadores do Atlético supostamente beneficiar sua equipe.

Os anos 40 foram o berço para o surgimento de vários times na Capital. O primeiro torneio Citadino da Goiânia da década já contava com clubes como o Operário, o time da Empresa de Construções Gerais Futebol Clube e o Campinas Esporte Clube. Três anos depois já apareciam Comercial, Goiás e Vila Nova.

Em 1946, a novidade foi a Associação Bancária de Goiás que três depois passaria a se chamar União Esportiva Comércio e Indústria. Ainda no final dos anos 40 é criado o Botafogo Futebol Clube que passou a se chamar Sírio Libanês em 1955.

Fundado em 1943, o Vila Nova virou Araguaia em 1949 e 1950. O Tigre, porém, voltou ao seu nome original depois que os novos dirigentes, supostamente prejudicados pela arbitragem, desistiram de tocar a nova agremiação.

Em 1951, o Goiás conquistaria seu primeiro título. Uma dupla interpretação do regulamento, no entanto, fez a disputa com o Goiânia se arrastar pelos tribunais até 1960. No fim, o Galo ficou com o troféu que integra o seu pentacampeonato.

A chamada era do amadorismo no futebol goiano se estendeu até 1962, quando foi implementado o profissionalismo.

Com a consolidação das equipes mais tradicionais, o surgimento de novos times em Goiânia diminuiu. Mesmo assim novas agremiações foram criadas, um exemplo foi o Monte Cristo em 1970.

Ao longo dos quase 85 anos de futebol em Goiânia, o projeto Futebol de Goyaz, que é uma iniciativa que registra a história do futebol goiano, já catalogou quase 60 times profissionais, semiprofissionais ou amadores de atuação regular.

Futebol amador

O futebol amador na Capital também tem história. Os relatos de espetáculos dignos de final de Copa do Mundo nos terrões pela Cidade são inúmeros. Entre os times que ainda habitam o imaginário goianiense destaque para, Nova Vila, Operário, Oeste, Vila Operária e Santa Helena.

Amadores ou profissionais, de verão ou permanentes os times de futebol de Goiânia tem a sua trajetória atrelada à história da Cidade e das pessoas que nela vivem. Várias cores, inúmeros jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores que vibraram, riram e choraram e se emocionaram com:

Profissionais / Semi-profissionais:

ABG, Araguaia, Associação Mariana, Atlético, Botafogo, Campinas, Campineira, Comercial, Ferroviário, Goiânia, Goiás, Monte Cristo, Nova Vila, Operário, Raça, Riachuelo, Santa Rita, São Luís, São Paulo, Sírio Libanês, União, União Araguaia, Vila Coimbra, Vila Nova.

Amadores:

AB Pimentel, AGEV, América, Araguarina, Brasil de Goiânia, Campinas EC, Campinas FC, DCT, Dergo, ECG, ETG, Exército, Fluminense, Guarani, Guarda Cívil, Independente de Goiânia, Ipiranga, Jaraguá Júnior, Juventus, Liceu, Motornei, Nissei, Oeste, Operário de Campinas, Operário de Goiânia, Penitenciária, Polícia Militar, Santa Helena de Goiânia, Senac, Tiro de Guerra -323,Tiro de Guerra-51, Tiro de Guerra-54, União Americana, União Operária de Campinas, Vila Operária e Volante.

As pesquisas aqui apresentadas foram desenvolvidas pelo projeto Futebol de Goyaz. Agradecimentos em memória a João Batista Alves Filho pelo seu livro “Arquivos do Futebol Goiano”, de 1982.