É inegável que o Goias está passando por uma profunda crise, talvez uma das maiores de sua história que se evidencia no comando e nos comandados . Assim como uma empresa dificilmente quebra por apenas um ato de maneira isolada,o Goias chegou a esse ponto por uma sequência de erros que acabaram culminando com essa dura realidade .

   Confesso que estou há cinco dias pensando em escrever esse artigo no blog, mas tentei  encontrar um momento certo para fazê-lo de maneira equilibrada, calma, fundamentada e acima de tudo, sem cometer injustiças com quem quer que seja . Particularmente não tenho nenhum tipo de problema com os dirigentes do Goiás, com alguns jamais conversei como é o caso do Sr. Hailée Pinheiro, e tampouco de minha parte não tenho mágoa, raiva ou qualquer outro tipo de sentimento ruím em relação ao Edminho Pinheiro, embora algumas pessoas pensem que já tenhamos brigado, jamais aconteceu e nunca tomaria iniciativa de provocar isso . Das divergências que tivemos, encaro-a com naturalidade pois, ele estava defendendo o Goias, time de seu coração, e eu, defendendo meu trabalho na Rádio 730, comentando, emitindo minhas opiniões dentro daquílo que achava e acho ser correto, ético e honesto com os ouvintes . De modo que não há nada pessoal em minha relação com os dirigentes .

   Para entender o que está acontecendo com o Goiás Esporte Clube, é preciso saber o que aconteceu e acontece no seu interior. pois sem isso não se pode fazer uma análise real e clara. O resultado pode ser deturpado. Fiz questionamentos à muitas pessoas ligadas direta ou indiretamente ao Goiás . Me reportei a fatos ocorridos há oito anos para  montar o quebra cabeça e entender o porquê de tudo isso .

      O Goiás, antes do falecimento do Sr. Edmo Pinheiro, era um clube em paz . As coisas ruins eram resolvidas internamente e ele conseguia segurar a impetuosidade de seu irmão Hailée e tinha habilidade para contornar os problemas mais difíceis e nada vazava para a imprensa . O Goiás perdeu um grande dirigente alí. Com o senhor Edmo, o Clube teve presidentes que não rezavam na cartilha Pinheiral, vivia em harmonia e, quando surgia um incêndio, estava ele na linha de frente para apagar o fogo .

   A família Pinheiro administra e manda no Goiás há mais de 30 anos e por ser o maior do Centro Oeste em estrutura e representatividade, dá muito status a quem comanda, sem contar a mídia pessoal gratuíta cujo valor é incalculável . Toda pessoa gosta de ser reconhecida, a mídia abre portas, traz prestígio e facilidades .

   Para ter pleno controle, a família jamais abriu as portas do Goiás para que outras pessoas também pudessem participar da vida do Clube e, consequentemente, criou um feudo onde os contemplados deveriam ter como requisíto básico “comer na mão do velho cacíque” sem necessariamente ter competência para gerir esta empresa chamada Goiás Esporte Clube. Tanto é verdade que Hailée jamais quiz eleição no Clube. Me lembro de uma entrevista dele no dia em que Raimundo Queiroz foi eleito para o primeiro mandato com apoio total e irrestrito, com mão de ferro e toda influência do “Senhor do Engenho”, ele profetizou que jamais o Goiás seria o mesmo, pois entendia que o Clube perdeu com aquela eleição acirrada .

    Raimundo Queiroz fez uma administração com muitos avanços dentro de campo e o Goiás, disputou, e bem, a Libertadores da América, contudo na questão organizacional, foi muito contestada principalmente por Edminho Pinheiro que tem, na figura do Raimundo Queiroz, o homem responsável por devastar as finanças do Clube.

   O Goiás talvez seja o único Clube na história que chamou fiscal para dentro de sua contabilidade para encontrar irregularidades. Acusações de um lado defesa de outro, argumento de um e contra argumento de outro e o resultado é que a administração Raimundo Queiroz foi parar na delegacia e a profecia do Hailée se cumprindo nesse particular. O Goiás está perdendo. Uma verdadeira romaria de dirigentes e ex-dirigentes estão indo ao DP para depor como testemunhas, ou não, para explicar isso ou aquilo, como comprou apartamento ,notas fiscais de combustível, etc.

   Com os resultados obtidos em campo, Queiroz se tornou forte politicamente, e de certa forma, ameaçou o reinado Pinheiral, pois conseguiu muitos apoiadores que viam na figura dele o dirigente capaz de atingir o tão sonhado título nacional . Hailée percebeu o perigo que o rondava e fez algo inimaginável, considerando seu perfil, pedir perdão .

   Reuniu pessoas próximas como filhos e sobrinho e foi bater na porta do senhor Melchior Luiz Duarte, pessoa a quem  Hailée havia ofendido de maneira dura e grosseira no processo eleitoral que elegeu Raimundo Queiroz em cima de Paulo Lopes que representava o grupo de Melchior. Com lágrimas nos olhos, e se dizendo arrependido pelas ofensas, dizendo que já estava velho e não queria que esse tipo de sentimento e de desavenças o acompanhassem para sempre, pediu perdão a Melchior. Neste choro, ele foi acompanhado por Edminho, que se emocionou bastante e também chorou .

   Com as desculpas aceitas, tratou logo de falar sobre a eleição que se avizinhava e o crescimento político do ex presidente. Hailée disse, naquela oportunidade, que reconhecia o erro cometido ao apoiar, segundo ele, uma pessoa que arrasou o Goiás  e que foi uma decepção total para ele. Não foi questionado sobre a opção de reeleger Raimundo e porque assinou um contrato de parceria com uma empresa chamada Lupe Participações, que teve seu nome envolvido numa CPI que investigava uma Máfia de Combustíveis .

   Com a promessa de que teria o apoio do grupo que até então era opositor, o mandatário máximo do Goiás fez promessas de que os parceiros recentemente conquistados teriam participação ativa na vida do Clube, mas que  era necessário eleger uma pessoa da confiança dos dois lados, honesta, sincera, aglutinadora e com perfil diferente de Raimundo Queiroz, este é visto como esquentado e não muito adepto a pedir bençãos, embora numa entrevista tenha dito que mandava no Goiás, mas quem mandava nele, Raimundo, era Hailée, mas se esquecendo de um detalhe fundamental, ter competência. Esta pessoa era Syd de Oliveira Reis que acalentava um sonho antigo de presidir o Goiás e tinha outro requisito fundamental, ser amigo do Hailée Pinheiro. Competeêcia não era algo importante, afinal, quem iria mandar não era o Syd . 

  Syd Oliveira teria uma chapa forte com pessoas que dariam ao Goiás um novo rumo administrativo com controle total das finanças e tendo transparência nas ações. A chapa seria encabeçada por Syd como Presidente, Alexandre Yunes e Sebastião Macalé como vices . Pronto, estava composta a chapa dos sonhos .

    Syd Oliveira foi eleito e Raimundo Queiroz teve uma votação surpreendente, cerca de 182 votos, assustou muita gente pois enfrentava a união de dois grupos fortes. Com a posse Syd, se assustou . Primeiro porque não entendia nada de administração de clube de futebol, segundo , não tinha grana (caixa) e os problemas de relacionamento surgiram rapidamente. Macalé foi o primeiro a pular fora, Yunes demorou um pouco mais, também saiu e ficou  Syd Oliveira. Sem dinheiro e sem experiência, quem começou dar as cartas foi Edminho, contratando, vetando negócios, dando entrevistas, renovando contrato de jogadores e técnico, e na ausência dele quase tudo foi delegado ao treinador na época, Hélio dos Anjos que dava ordens até ao Presidente..

   Nesse  período, o Goiás fez loucuras e a maior delas foi renovar o contrato do técnico que tinha a rejeição de quase todos os jogadores, com aumento de salário num momento em que o time apanhava de todo mundo no segundo turno do Campeonato Brasileiro 09 . Isso exemplifica o porque de o Goiás ter trabalhado com um déficit mensal de cerca de 500 mil e o resultado de tudo, contando os prejuízos de anos anteriores, é que a dívida hoje estaria na casa dos 30 milhões de reais, algo assustador. Bancaram Helio  dos Anjos e com isso muitos jogadores que poderiam ficar, foram embora, foram se os anjos e ficou o Dos Anjos. O último deles, Ramalho, que coincidentemente, três dias depois de ser anunciado como jogador do Atlético, Hélio foi demitido após a derrota para o dragão .

  Hoje, o Goiás tem uma dívida astronômica, um presidente perdido e isolado, um grupo de jogadores rachado, Fernandão desolado, Edminho se dizendo afastado, o time desclassificado, o torcedor humilhado, Harley não ficando calado ao vetar um técnico que poderia estar contratado e nesse quadro , o time será rebaixado

     Quem poderá ajudar o presidente Syd Oliveira? Que plano imediato ele tem? Como ele vai lidar com tudo isso? São questões sem respostas por que, ao que parece, o Presidente não tem a menor idéia da profundidade da crise. Ele diz que o Goiás não está com problemas financeiros, mas ao que consta ele não estaria recolhendo os impostos. Não contratou ninguém para reforçar o time, trouxe um técnico sem história, Jorginho que já foi demitido.

    O Goiás ficou em quarto lugar  no Campeonato Goiano, foi eliminado pelo modesto time do Vitória-BA na Copa do Brasil e está atolado em dívida . O torcedor está preocupado, por que está vendo aquilo que o presidente não vê, o Goiás tem um time que hoje seria rabaixado no brasileiro . Quem colocou o Syd lá, é responsável por ele. Socorra o Syd que o Goias agradece e a sua grandiosa torcida tambem .