Com a maior conectividade mundial, vieram também novas formas de conflito, como a guerra cibernética e o terrorismo virtual. Capazes de causar enormes estragos, tanto materiais, como econômicos e sociais, essas vertentes digitais de disputa exigem dos governos (e da população em geral) maior preparo para seu combate. O melhor recurso para isso é a inteligência cibernética.

Guerra e terrorismo na internet

Embora por vezes sejam confundidos, os termos “guerra cibernética” e “terrorismo virtual” implicam conceitos distintos. Uma guerra cibernética é um conjunto de ataques digitais cujo alvo é um país ou um governo em específico, visando a danificar ou interromper o funcionamento de seus sistemas eletrônicos. O terrorismo virtual, por sua vez, é empregado contra órgãos públicos e privados com objetivos políticos ou ideológicos.

Tanto um quanto o outro têm sido vastamente utilizados nos últimos anos, em particular por países como a Rússia, para influenciar decisões políticas e incitar rupturas na sociedade. As eleições estadunidenses de 2016 e o referendo do Brexit, no mesmo ano, são demonstrações claras desse tipo de manipulação cibernética. 

Num cenário mais recente, a atual Guerra da Ucrânia é outro exemplo a ser citado. Diversas foram as ofensivas russas contra Kiev no ciberespaço, incluindo ataques contra os sistemas de comunicação do governo com a população e infecções maliciosas de malware a diversos bancos de dados de grandes instituições ucranianas, com o objetivo de minar as defesas do país.

Dada a “eficiência” dessa forma de ataque, é de se esperar que sua frequência só tenda a aumentar com o tempo. E, por isso, os governos devem investir pesado em métodos de defesa, como a inteligência cibernética (Cyber Threat Intelligence) e as ferramentas de cibersegurança. 

O que é inteligência cibernética?

De modo simples, pode-se dizer que a inteligência cibernética é um conjunto de técnicas e conhecimentos empregados no combate a ameaças virtuais. Ela é baseada no estudo de incidentes passados e busca entender seus mecanismos, contextos e alvos preferenciais para preveni-los ou, ao menos, mitigá-los no futuro.

Um uso comum da inteligência cibernética é no monitoramento das atividades na rede para detecção de possíveis ameaças à segurança. Isso é especialmente importante para órgãos governamentais, uma vez que esses precisam proteger informações confidenciais e infraestruturas críticas ao bom funcionamento de suas jurisdições, como as redes elétricas e de comunicação.

Além disso, a inteligência cibernética também pode ser usada para rastrear e identificar autores de crimes virtuais, como roubo de dados, propagação de desinformação e fraude online. Com a ajuda desse recurso, portanto, as autoridades podem descobrir as fontes dos ataques e responsabilizá-los por seus delitos. 

Uma solução complexa

Embora a inteligência cibernética seja uma ferramenta poderosa, é importante destacar que ela, sozinha, não é capaz de derrotar todos os esforços maliciosos de guerra cibernética e terrorismo virtual. Para uma solução verdadeiramente efetiva, é necessário investir em várias outras medidas de defesa, como a implementação de firewalls e a ampla adoção de boas práticas de cibersegurança.

Do mais, não se pode esquecer de que fenômenos como a guerra cibernética e o terrorismo virtual são problemas globais e, por tal, exigem uma abordagem colaborativa. Isto é, tanto a esfera pública quanto a iniciativa privada precisam atuar juntas, compartilhando informações e desenvolvendo respostas eficazes para lidar com essas ameaças.

Ao que tudo indica, o uso do ciberespaço para ataques com objetivos políticos e ideológicos seguirá em crescimento nos próximos anos. Apenas o emprego de boas ferramentas, como a inteligência cibernética e o desenvolvimento de protocolos de cibersegurança, será capaz de auxiliar no gerenciamento desses conflitos e garantir a adequada proteção dos sistemas públicos e privados, e, claro, do bem-estar da população.

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