O combate à fome é um desafio constante na sociedade capitalista. O acesso a uma alimentação de qualidade e a uma dieta nutritiva e diversificada mobiliza governantes e até a própria população para o cumprimento deste direito primário estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas de que forma esse processo pode ser facilitado?

Uma saída encontrada em Goiás foi a criação de hortas comunitárias. Além de disponibilizar uma ampla diversidade de folhas e hortaliças para qualquer morador, a população ainda pode contribuir no cultivo.

Maria da Conceição colhendo cebolinha na horta comunitária (Foto: João Vitor Simões)

No município de Senador Canedo, a horta de mais de cinco mil metros quadrados abastece cerca de 400 famílias. Maria da Conceição é beneficiária do projeto e afirma ser fundamental para sua casa, já que não tem condições para comprar os legumes no mercado.

“Isso tem ajudado bastante, porque nem sempre você tem condições de ir comprar. Além disso, tem muita variedade, que nem sempre encontramos nos mercados”, relata.

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Papel Social

O cultivo gerenciado pela prefeitura é direcionado para famílias de baixa renda. Semanalmente, kits com variedade de até 23 tipos de legumes e folhas, todos orgânicos, são distribuídos para aqueles que estão cadastrados no projeto. O coordenador da horta, Wenderson de Jesus, relata que o objetivo é alcançar o máximo de pessoas e combater a fome.

“Muitos chegam aqui a pé, de longe, desempregados e às vezes nem cadastrados não são. Mas mesmo assim, não vão embora de mãos vazias. Organizamos as cestas com as hortaliças para que levem para suas casas”, explica.

“Nossa felicidade e satisfação é ver o sorriso no rosto das pessoas. Escutamos relatos de famílias que não teriam o que comer se não fosse a horta”, relata ainda Wenderson ao se lembrar de histórias vivenciadas no tempo em que é responsável pelo cultivo.

Wenderson de Jesus, coordenador da horta (Foto: João Vitor Simões)

Contudo as hortas comunitárias não possuem função exclusiva de combater à fome. Na capital goiana elas exercem um papel importante para a urbanização. Um projeto de lei aprovado pela Câmara dos vereadores em 2021, institui a utilização de lotes públicos abandonados no município para a criação de pequenas plantações.

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Urbanização

O projeto não apenas busca incentivar práticas sustentáveis, criar hábitos de alimentação saudável e oportunizar a integração social entre membros da comunidade. Ele também promove a utilização de espaços tomados por lixo e foco de proliferação de doenças, além da melhora da estética urbana local. É o que explica a arquiteta e urbanista, Nicole Saddi:

“Estes terrenos possuem uma quantidade expressiva na cidade e são fontes diretas de risco para a população. Então essas áreas indesejadas, sendo transformadas, se tornam espaços proveitosos, bem frequentados e melhoram a estética do município”.

Nicole Saddi, arquiteta e urbanista (Foto: João Vitor Simões)

Dessa forma, as hortas comunitárias trazem diversos benefícios para a comunidade, representando uma saída sustentável para o combate a fome e promoção de uma alimentação saudável. E a Maria sabe muito bem disso: “Tem muitas pessoas que recebem a cesta que não tem condições. Além disso, aqui na horta, cada dia você vai aprendendo uma coisa nova e passando isso para a família”.

Repense

Esta reportagem integra a série Repense Energia desenvolvida pelo Sistema Sagres de Comunicação com o apoio da Fundação Pró Cerrado. Ao longo de 12 episódios vamos aprofundar sobre temas relativos ao combate à fome e formas alternativas de produção de alimentos, ligados ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 02 da Organização das Nações Unidas (ONU), que é “Fome Zero e Agricultura Sustentável.

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