LEONARDO VIECELI / RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O diretor de pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Cimar Azeredo, afirmou nesta segunda-feira (1º) que está “confiante” com a possibilidade de o órgão ter à disposição recursos complementares para concluir o Censo Demográfico 2022, caso isso seja necessário.

No momento, a recomposição da verba para o levantamento não é necessária, de acordo com ele.

O IBGE iniciou nesta segunda as entrevistas do Censo, após dois anos de atraso e ameaça de apagão estatístico no país. O orçamento para o começo da pesquisa é de R$ 2,3 bilhões.

“A gente já reajustou algumas coisas. Estou muito confiante: se por acaso a gente necessitar de mais recursos, a gente vai ter esses recursos. O governo está muito ciente da importância do Censo. Mas a gente vai trabalhar um dia de cada vez. Hoje a gente não necessita de nenhuma complementação”, disse o diretor.

A declaração foi dada a jornalistas após o evento de lançamento do Censo. A cerimônia ocorreu no Museu do Amanhã, no centro do Rio de Janeiro, durante a manhã.

O Censo, que costuma ser realizado de dez em dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira.

A edição mais recente ocorreu em 2010. A nova pesquisa seria realizada em 2020, mas foi adiada com as restrições provocadas pelo início da pandemia de Covid-19.

Em 2021, o levantamento foi travado pela segunda vez. À época, o que impediu o trabalho foi um corte na verba prevista pelo governo federal.

A decisão causou preocupação entre especialistas. O temor ganhou forma porque os dados do Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas e até decisões de investimento de empresas.

Para a realização do estudo em 2022, o IBGE contou com o orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.

Ao longo dos meses, especialistas e até membros do instituto chegaram a cogitar a necessidade de mais recursos em razão da disparada da inflação.

Em seminário com jornalistas em junho, o próprio Azeredo indicou que o instituto buscaria complementação no orçamento devido à carestia da gasolina, utilizada nos deslocamentos dos recenseadores, por exemplo.

“Teremos adversidades, mas estamos preparados para superá-las. Já superamos diversas barreiras até chegar a esse ponto”, disse o presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, em discurso em vídeo durante o lançamento do Censo na manhã desta segunda.

O evento também teve discursos de representantes de instituições como OIT (Organização Internacional do Trabalho) e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

Em comum, as falas destacaram que as informações do Censo servem como espinha dorsal do sistema de estatísticas do país e ajudam no conhecimento de populações diversas, como imigrantes e refugiados.

Até outubro, a intenção do órgão é visitar os cerca de 75 milhões de domicílios espalhados pelo Brasil -de periferias, localidades ribeirinhas e comunidades indígenas até casas e condomínios de luxo. A pesquisa é a única que tenta chegar a todos os lares do país.

As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos das prefeituras. Os dados também podem ajudar uma empresa a conhecer melhor o perfil dos seus consumidores.

Os resultados preliminares da contagem da população devem sair até o final deste ano, segundo a previsão do IBGE. Dados mais detalhados tendem a ser divulgados a partir de 2023.

Segundo o IBGE, a primeira entrevista do Censo deste ano foi registrada no município de Limeira (SP).

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