A tragédia no Rio Grande do Sul é o tema do Pauta 2 desta quinta-feira (9). Em 10 dias, o equivalente a um ano de chuva desabou sobre o estado, causando uma situação de colapso social. Quais as razões desse evento climático extremo?

Marcas

O diretor-geral do Sistema Sagres de Comunicação, Gerson Cruz, é gaúcho, vive recentemente com a família em Goiânia, mas mantém fortes laços com o Rio Grande do Sul e residiu em algumas cidades atingidas pelas chuvas.

Em conversa com os jornalistas Rubens Salomão e Jéssica Dias, Gerson relata que o sentimento de amigos e parentes é de um cenário de guerra, além dos desafios de reconstrução e o calor humano transmitido a partir de ações solidárias de diferentes regiões do Brasil e de outras partes do mundo.

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Preparo

A Defesa Civil afirma que quase 1 milhão de pessoas foram atingidas pelas enchentes, o triplo do número levantado pelo Governo Federal. De acordo o hidrólogo do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Jorge Barbarotto, havia previsão de chuvas, mas a dimensão do volume de água foi muito maior do que o esperado.

De acordo com levantamento do Atlas Digital de Desastres no Brasil, que serve como base de dados oficial do Brasil para esse tipo de informação, o Rio Grande do Sul é o segundo estado com mais registro de catástrofes do clima nos últimos 30 anos. Em primeiro está Minas Gerais e em terceiro, Santa Catarina.

A pesquisa considera como situações extremas os registros de temporal, vendaval, granizo, enxurrada, inundação, alagamento, seca e estiagem. Os dados apontam que, entre 1991 e 2022, o estado enfrentou 7.565 desastres registrados. Esse total representa 12% de todas ocorrências no Brasil durante o período. Esses números utilizam dados da Defesa Civil Nacional.

A maioria dos municípios brasileiros está despreparada para lidar com eventos climáticos extremos como os que atingem o Rio Grande do Sul, segundo indicam as próprias administrações municipais. Os dados são de levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Origem

A professora do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA), da Universidade Federal de Goiás (UFG), Gislaine Luiz, relatou que o fenômeno é sem precedentes. Ela argumentou que a origem se deve a fatores na atmosfera, em que três sistemas atuaram de forma simultânea.

São eles o El Niño, mesmo que ainda enfraquecido, que resulta em muita chuva no sul do país, a atmosfera de baixa pressão e ainda o escoamento de umidade oriunda da Amazônia.

Além disso, na região central do país, a atmosfera é de alta pressão e cria um bloqueio, concentrando as chuvas naquela localidade. A professora ainda destaca que o relevo é um agravante.

*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima

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