O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),  responsável pelo Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), informou ao Governo de Goiás e à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que não fez uso do retardante de fogo na região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, no município de Alto Paraíso. O produto foi empregado nas queimadas que devastaram áreas dos dois parques no final do mês de setembro.

Endereçado ao chefe do parque, Luís Henrique Mota de Freitas Neves, o documento apresentou, entre outras informações, dados técnicos da Unidade de Conservação (UC) goiana e informações que circularam na internet, dando conta de que o produto produz efeitos de impacto ambiental.

No texto a Semad, que se apresenta na qualidade de órgão responsável pela gestão da Área de Proteção Ambiental de Pouso Alto, solicitou informações se o produto foi lançado somente em áreas do PNCV ou também no interior da APA de Pouso Alto. Segundo a Pasta, caso a resposta fosse positiva, seria necessário informar em que localização, qual a sua composição e possíveis impactos sobre a água, o solo, a fauna e flora da região.

Riscos

Um parecer publicado em 2018 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), alerta para o consumo de água e alimentos retirados do solo por um período de 40 dias após a aplicação do produto. Ainda que tenha sido classificado, à época, como pouco tóxico e pouco persistente, técnicos do Ibama solicitaram a suspensão da compra.

Em nota assinada pelo Governo de Goiás, a Semad esclarece que, acerca das informações amplamente divulgadas na Internet sobre a aplicação do retardante, não há registro de regulamentação do produto químico no Estado. A Semad afirma ainda que caso fosse comprovada o uso em área pertencente à APA de Pouso Alto, que a sua utilização não teria sido consultada junto às autoridades goianas.

“Boi bombeiro”

Nas últimas semanas, outra polêmica em relação às queimadas ocorreu em declarações dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Agricultura, Tereza Cristina, de que locais onde há mais pastagem sofreriam menos com as queimadas.

Segundo os ministros, onde há mais gado, haveria menor chance de queimadas, pois os animais comeriam o capim seco inflamável, que poderia funcionar como uma medida preventiva para as queimadas.

“Se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, isso teria sido um desastre até menor do que nós tivemos neste ano”, disse Tereza Cristina no dia 9 de outubro.

O argumento já caiu por terra. Segundo pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cidades com o maior número de cabeças de gado são também as têm mais queimadas.