Venho defendendo o nome de Paulo Rogério Pinheiro para presidente executivo do Goiás, nas eleições que ocorrem no dia 15 de dezembro e tenho motivos lógicos para isto. Os últimos presidentes foram escolhidos pelo diploma. Todos médicos e todos vitoriosos nas suas especialidades. Todos ricos também: Syd Oliveira Reis, Sérgio Rassi e Marcelo Almeida.

Além das contas bancárias e da profissão eles têm mais em comum: Syd e Sérgio deixaram a presidência desgastados e Marcelo Almeida caminha para o mesmo lado. Não falta a nenhum destes homens inteligência, dedicação ao Clube, honestidade e disposição para o trabalho, mas falta o poder de comando.

O Conselho de Notáveis, composto por oito nomes, tem a chave do cofre e define quem contrata, quem dispensa, quem vende, por quanto e pra quem. Ao presidente cabe assinar as transações. Resultado é muita gente para palpitar e apenas um para assumir o desgaste. Não existe nada mais cômodo do que exercer influência, sem assumir responsabilidade e os Notáveis do Goiás agem com esta prerrogativa.

Ninguém vem de público dizer, mas reservadamente todos falam que a culpa é da família Pinheiro que não deixa o presidente mandar. Através dos Notáveis, a família centraliza o poder, sem correr risco de desgastes quando as coisas dão errado.

É inegável que o Goiás tem a grandiosidade que tem justamente pelo trabalho da família Pinheiro no Clube. Sobretudo dois nomes: os irmãos Edmo e Hailé. O primeiro já falecido foi um grande negociador e articulador da construção da estrutura física/patrimonial que o Goiás construiu.

Tinha olhos de águia. Via de longe um bom negócio, inclusive o de revelação de jogadores. Vários dos que viraram muito dinheiro para o Goiás, chegaram a abandonar a agremiação ainda nas categorias de base e quando ficava sabendo, Edmo ia atrás do jovem e trazia de volta.

Após sua morte o filho Edminho assumiu a responsabilidade pelas negociações, mas com menos abrangência do que o pai. Venda de jogadores, negociação com direitos de transmissões de jogos e com grandes patrocinadores são feitos por ele.

Hailé é o maior dirigente do futebol goiano de todos os tempos. Chegou ao Goiás muito jovem e planejou um trabalho a longo prazo para edificar a marca como o grande clube do Centro-Oeste Brasileiro. E conseguiu. Passou pela presidência executiva, sempre que necessário, mas sua maior atuação é no Conselho Deliberativo.

Se faltam recursos no Clube ele coloca, e quando recebe, não afere lucro algum. Isto é feito de forma automática e na maioria das vezes nem é divulgado. Assim o Goiás não vive crise financeira e assim o Goiás cresce (como Clube) todos os dias. Nada é feito na estrutura do Goiás, sem passar pela aprovação do Hailé e na maioria das negociações ele é ouvido também.

Não raras vezes manda contratar jogadores e as vendas só são realizadas depois de debatidas com ele. Hailé tem inteligência genial. Com a genialidade controla a ocupação de cada cargo no organograma e no fluxograma do Goiás. Soube conduzir o processo sem forçar a barra, para que apenas os conselheiros tenham o direito a voto, nas eleições.

E se tornar conselheiro no Goiás não é nada fácil. Os associados têm outros privilégios, mas não votam. Assim o colegiado é pequeno e ele tem o controle do mesmo. Ninguém sem o apoio do Hailé vence a eleição no Goiás e esta prerrogativa ele ganhou com o trabalho que fez do Goiás o maior Clube de Futebol do Centro-Oeste Brasileiro.

Os médicos que assumiram a presidência da agremiação só chegaram ao posto porque tiveram o apoio do Hailé na eleição. Mas eleitos, viraram assinadores nas decisões tomadas pelos Notáveis.

Esta argumentação já foi feita várias vezes e a última saiu da boca do atual presidente, Marcelo Almeida. Numa entrevista exclusiva ao Sistema Sagres de Comunicação, ele disse que no Goiás o presidente não manda e que cobrar dele, ou do vice de futebol, o também médico, Mauro Machado, a fragilidade do time montado para esta temporada é uma injustiça: “Eu mesmo não contratei nenhum destes jogadores. Apenas assinei nos contratos” – afirmou, adjetivando ainda parte do elenco como “tranqueiras”.

Se Paulo Rogério Pinheiro assumir a presidência do Goiás, a rota inverte. Ao invés dos Notáveis decidirem e ele assinar, ele passa a decidir, os Notáveis a respaldar e finalmente o presidente do Goiás vai mandar na vida executiva do Clube.

Há um grupo de sócios que está tentando convencer o empresário Vanderlan Alcântara a encabeçar uma chapa de oposição. Isto não vai acontecer. Vanderlan sabe que só existem duas formas de vencer a eleição: sendo o candidato do Hailé, ou mudando o estatuto, dando aos sócios o direito de voto. Como nem uma coisa e nem outra lhe pertence, não vai entrar neste azeite quente para se fritar.

Outro nome que os opositores tentam para encabeçar uma chapa é do executivo político Jayme Rincón. Mas este jamais fará oposição ao Hailé, a quem é ligado e para quem rende reconhecimento pelo trabalho feito em prol do Clube.

Hailê trabalha diuturnamente para o crescimento do Goiás: usa o prestígio com as instituições privadas e públicas para buscar soluções, empresta dinheiro, sabe de tudo o que acontece na base, nos esportes especializados, nas lojas que vendem produtos da patente, no departamento de patrimônio, no financeiro, no futebol, no social, no marketing e no de pessoal.

Não é verdade que não cai uma folha de uma árvore no Goiás se não tiver o consentimento dele, mas mesmo aquilo com que não concorda, ele fica sabendo. Esta dedicação ao Clube não só lhe rendeu o reconhecimento de maior dirigente do Goiás de todos os tempos, mas também o de maior dirigente de clubes esportivos do Estado de todos os tempos.

Como ordem natural da vida o tempo passa e Hailé já ultrapassou a casa dos 80 anos. Felizmente saudável, lúcido e equilibrado. Mas não é justo que o Goiás Esporte Clube continue dependendo do seu trabalho para tudo. É hora de dar a ele o direito da orientação, da última palavra, mas é hora de dar a ele também a desobrigação de cumprir tantas tarefas, ou seja, é hora de preparar a nova liderança maior do Goiás, aproveitando a sabedoria do Hailé na orientação: ele orienta e o outro executa. Assim o outro vai sendo preparado para tomar decisões sozinho quando isto for necessário. É a transição, fator natural em todas as atividades humanas.

Justamente por isto defendo o nome de Paulo Rogério, filho do Hailé para ser o presidente executivo. Terá o comando na mão e será diretamente orientado pelo pai.

Há uma articulação para que o executivo Adriano Oliveira (ligado ao Hailé e a toda família Pinheiro) assuma a presidência, tendo como diretor financeiro Paulo Rogério. Mesmo reconhecendo ter Adriano toda a competência necessária para dirigir o Goiás, não acho que esta ideia seja boa. Ela não inicia a transição e mantém um presidente para assinar o que os outros definem, correndo o risco de deixar a presidência como deixaram Syd Oliveira Reis, Sérgio Rassi e para onde está encaminhando para sair do cargo, Marcelo Almeida.