O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) deverá considerar, a partir de 2029, a qualidade da escrita de alunos brasileiros com questões discursivas e ter uma nova fórmula de cálculo. Realizado a cada dois anos, esse é o principal medidor de qualidade de educação no país. As transformações começam gradualmente em 2025, ainda como testes, e devem se concretizar daqui quatro anos.
O Ideb foi criado em 2007, durante o segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com uma série de metas estabelecidas para cada dois anos até 2021. Depois disso, esses objetivos precisavam ser rediscutidos e, nesse processo, o próprio instrumento também passará por revisões. Essas transformações estão sendo debatidas dentro do Inep em conjunto com um comitê formado por especialistas externos.
A introdução de questões discursivas na prova do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), por exemplo, começa em 2025 apenas de forma amostral como um teste — hoje a prova é inteira de múltipla escolha. A perspectiva é que isso pavimente o caminho para que o futuro Ideb também reflita a qualidade da escrita de alunos brasileiros.

Escrita de alunos
“A ideia é que a gente introduza essa dimensão da escrita de alunos como uma parte da avaliação. Isso impacta o tempo de produção dos resultados e também tende a exigir dos elaboradores dos testes alguma previsibilidade em relação a correção. Por isso, será experimental esse ano”, explicou Manuel Palacios ao jornal O Globo. Palacios preside o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desde fevereiro de 2023.
Nota
O Ideb, que varia de 0 a 10, tem, cálculo considerando o número de alunos que passam de ano e a nota que eles tiram na prova do Saeb. A tendência, no entanto, é que essa fórmula mude. A taxa de estudantes aprovados deve ser mantida, mas a segunda parte do cálculo pode sofrer alterações. No lugar dela, o Inep planeja construir um novo indicador que, em vez de uma nota média dos alunos, vai considerar a proporção de jovens com a aprendizagem adequada para sua etapa escolar.
Mudanças
Para isso, o Inep vai ouvir professores, secretarias de educação e especialistas durante seminários que acontecerão em abril nas cinco regiões do país. A partir dessa escuta, os técnicos do instituto vão criar quatro níveis de aprendizagem para alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental e do segundo. Depois disso, começarão os trabalhos para o ensino médio.
PNE
Segundo Palacios, essa medida tem relação com uma das novas metas do novo Plano Nacional de Educação, que será debatido neste ano pelo Congresso. Ela prevê que 70% dos estudantes acabem o 5º ano com aprendizagem adequada para a idade; 65% ao final do ensino fundamental; e 60% ao final do ensino médio.
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*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; e ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes.