O bloco Ninguém de Fora ocorreu no último sábado (15), em Goiânia, e levou a folia carnavalesca para pessoas com paralisia cerebral e outras deficiências. A festa inclusiva foi idealizada pela APC+, associação sem fins lucrativos que acolhe as pessoas com deficiência e com paralisia cerebral, e o Coletivo PCD GYN, com o objetivo de foliar com inclusão e visibilidade, e pensando na construção da 1º Parada PCD de Goiânia.
“A ideia inicial é a ideia da Parada PCD, então são várias associações e institutos em Goiânia que trabalham com pessoas com deficiência que se uniram para no final do ano escolher uma data para fazer a Parada PCD e a gente quer fazer uma coisa grande para dar visibilidade a causa e chamar atenção porque é uma causa que ainda precisa de muita visibilidade. É uma luta que ainda tem muitos direitos ainda não sendo respeitados”, disse a presidente da APC+, Luciana Prudente.
A folia veio nesse sentido e a partir da união dos grupos. Luciana Prudente disse que a maioria das pessoas com deficiências e suas famílias ficaram em casa no carnaval e com a junção das duas coisas, o bloco Ninguém de Fora se tornou o primeiro evento oficial da parada.
O bloquinho ocorreu na sede da APC+ e contou com uma sala sensorial para as crianças e adolescentes que precisam desse espaço, show com marchinha, axé, batuque, lanche, desfile de fantasias e cadeiras alegóricas e também estiveram presentes integrantes do Laboratório de Tecnologias Assistivas da UFG fazendo desenhos nas próteses dos participantes.
Inclusão no carnaval

Luciana Prudente é mãe de Clara, de 12 anos, que tem o diagnóstico de paralisia cerebral. Ela contou que a filha nasceu prematura e que passou por dificuldades de várias internações em UTIs e cirurgias. “E essa vida da maternidade atípica me levou a enxergar que eu poderia ajudar outras pessoas”, disse.
Por isso também a inclusão é muito importante para Luciana, pois a presidente da associação lembrou que não se consegue achar uma festa de carnaval com um banheiro acessível para que uma pessoa com deficiência utilize.
“Fora a falta de respeito, filas, toda a parte do direito da pessoa com deficiência que acaba não existindo no tumulto nas festas, mas a pessoa com deficiência também quer curtir e participar, ela quer estar e o lugar dela é todo lugar também”, destacou.
Trabalho da APC+
A APC+ começou a partir da própria vida de Luciana e de outras mães de pessoas com deficiências e com paralisia cerebral. Ao passar pelos hospitais, elas se conhecem e com os filhos com os mesmos diagnósticos elas resolveram fundar a associação para acolher as famílias que precisam de informações e apoio.
Com os filhos mais velhos, com idade de oito e nove anos, elas viram que era possível ajudar quem estava caminhando no início enfrentando barreiras muito difíceis, como por exemplo, a aceitação. A APC+ faz um trabalho de assistência social visto que a maioria das famílias são bastante vulneráveis socialmente.
“A grande maioria são mães periféricas, solo, que exercem o papel da maternidade atípica sozinha, dependem de transporte público. Então a gente tenta de certa forma levar uma ajuda de assistência social, toda a parte de consultoria jurídica em relação à pessoa com deficiência, como o BPC e todos os direitos atrelados a pessoas com deficiência. E ajuda na parte da saúde, a gente busca psicólogos, terapeutas, atendimentos médicos e ambulatoriais para tentar levar a principalmente aquelas pessoas que dependem do SUS”, disse.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 03 – Saúde e Bem-Estar.
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