26 de abril, também conhecido como o dia do goleiro. Uma profissão às vezes ingrata no futebol, em que pequenos detalhes podem definir o sucesso ou o fracasso do único jogador que não usa as mesmas cores dos seus companheiros. Em Goiás, vários fizeram história com o número 1 nas costas. Como Pedro Bala, referência na posição no estado durante a década de 1970.

Em entrevista à Sagres 730, o ex-goleiro contou que, antes de desembarcar em Goiás, “sou mineiro e comecei a jogar futebol no Guarani de Divinópolis, onde joguei cinco anos. O Guarani me vendeu para o Uberaba, fiquei por quatro temporadas, mas por um problema de incompatibilidade com a diretoria que tinha assumido na época preferi rescindir meu contrato e ficar desempregado. Depois apareceram o Galícia, da Bahia, o Formiga, o América carioca, mas o meu sonho era vir para o futebol goiano”.

Pedro Bala (Foto: Futebol de Goyaz)


Ídolo do Atlético Goianiense, Pedro Manoel dos Santos, conhecido como Pedro Bala, jogou por seis temporadas no clube de Campinas, entre os anos de 1970 e 75, conquistando dois títulos. Além da conquista do Torneio de Integração Nacional, em 71, o goleiro foi protagonista no Campeonato Goiano de 70 com uma defesa memorável. O Atlético liderava com dois pontos de vantagem sobre o Vila Nova e um empate entre os rivais na última rodada deu o título para os rubro-negros.

Para manter o placar em igualdade, porém, o goleiro do Atlético precisou fazer uma intervenção decisiva. “Jogo zero a zero e o Vila Nova não podia empatar. Faltando três ou dois minutos para terminar o jogo, teve um jogador que bateu e a bola caiu no pé do Mosca ali mais ou menos em cima da risca da meia-lua, e a defesa parou, pedindo impedimento. O único que não parou na jogada fui eu, então ele chutou no lado esquerdo e joguei a bola por cima da trave”.

Com o avanço do esporte, hoje o goleiro tem muitos recursos disponíveis e uma preparação mais específica. Félix, goleiro do tricampeonato mundial do Brasil em 1970, por exemplo, ainda não usava luvas. Pedro Bala, que começou sua carreira nos anos 60, ressaltou que “o goleiro brasileiro, na verdade, começou a jogar de luva depois da Copa de 70. Quando no Uberaba, joguei muito contra o Renato, ex-Flamengo, Atlético Mineiro e seleção brasileira, e ele foi o primeiro que vi jogando de luva”.

O ex-goleiro destacou que “inclusive, o clube não comprava luva. Nós mesmos que comprávamos a luva”. Contudo, não foi tudo que se tornou fácil atualmente. “A bola era bem mais pesada, mas o que fizeram com os goleiros hoje é uma covardia. Tiraram duas ou três vezes o peso da bola. O cara bate uma falta a três ou quatro metros da meia-lua e quando a bola chega no gol já fez três ou quatro curvas. Na verdade, eles queriam realmente o gol, e não o goleiro defender”, fez a ressalva.

Questionado sobre qual ter sido sua grande defesa e falha, Pedro Bala afirmou que “em um dérbi do Triângulo Mineiro, entre Uberaba e Uberlândia, chutaram uma bola, ela bateu no bico da chuteira do quarto zagueiro e estava me encobrindo, então voltei e joguei ela por cima da trave. Para mim, foi a melhor defesa que fiz na carreira. Agora, ‘peru’ foram vários (risos). Não tem como um goleiro não falhar. Ele tem que procurar manter uma certa regularidade, mas falhar todo goleiro falha”.

atletico 1970
Time do Atlético em 1970 (Foto: AGAP-GO)


Entre as referências da posição, frisou que “da minha geração, tinha o Raul, do Cruzeiro, o Mazurkiewicz, do Atlético Mineiro, o Valério Doce. Aqui no estado de Goiás, tinha o Amauri, o Carlos Alberto Feitosa, o Nascimento, do Goiânia, e o Chicão, do Anápolis”. Já no Atlético, “cada um teve a sua época. O Márcio Defendi e o Leonetti foram excepcionais, depois chegou o Márcio, que teve mais tempo para aparecer, e agora esse menino, o Kozlinski, é muito bom goleiro”.

Pedro Bala acrescentou ainda que “o Alisson é completo, tem uma boa estatura e uma agilidade muito grande para sair, o Júlio César, que foi goleiro da Seleção Brasileira, o Marcão, que jogava no Palmeiras, e o Dida, que jogava no Corinthians. Mas sabe quem eu vi jogar no Mineirão? Aranha Negra, o homem era um fenômeno. Vi o Lev Yashin em um jogo entre a Seleção Mineira e a seleção da União Soviética. O cara era um monstro e tinha uma colocação impressionante”.

Ouça na íntegra a entrevista do ex-jogador do Atlético:

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