O Google lançou o Relatório Ambiental de 2023, documento que descreve os resultados ambientais positivos que a empresa gera em seus negócios. A gigante da tecnologia da informação destaca suas ações em sistemas de carbono e sustentabilidade de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2022. Mas um dado do documento chamou muita atenção: o Google utilizou 21 bilhões de litros no ano passado.

O consumo representa um aumento de 20% em comparação com o ano de 2021. Segundo a empresa, o crescimento se dá em virtude dos esforços com a inteligência artificial, que requer grandes data centers. Os data centers são computadores repositórios de dados. Como são grandes e vários no conjunto, eles necessitam de água para o resfriamento.

Pedro Luiz Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, explicou que as empresas de tecnologia da informação precisam de grande quantidade de água ao manter os centros de dados. 

“Toda essa estrutura gera muito calor devido ao consumo intensivo de energia elétrica. Para que essa temperatura seja reduzida, normalmente os sistemas de arrefecimento utilizam água. Parte dessa água é perdida por evaporação, parte é reutilizada no próprio sistema, mas chama muito a atenção esse consumo impressionante do Google de 21 bilhões de litros”, disse.

Problema geral nos Estados Unidos

Empresas de tecnologia podem consumir energia que se assemelha a quantidade que abastece pequenas cidades. Porém, Côrtes contou que o problema é generalizado nos Estados Unidos.

“No caso dos Estados Unidos, na maioria das vezes [a energia] não vem de fontes renováveis, muitas vezes é geração a partir de termelétricas movidas a combustíveis fósseis, então esse impacto acontece não necessariamente no montante como o Google, porque o Google é um gigante internacional”, disse.

“Mas se nós pegarmos grandes bancos ou grandes portais, todos esses players utilizam muito intensamente o processamento de dados e consequentemente precisam de estruturas muito significativas, que consomem muita energia e também acabam gerando muito calor, então a TI não está isenta desses impactos ambientais”, completou.

Exemplo efetivo em sustentabilidade

Para o professor, o Google poderia incentivar e investir na reutilização da água usada para o resfriamento e evitar a perda por evaporação que vai para a atmosfera. Assim, a empresa seria exemplo internacional efetivo de sustentabilidade em relação à água.

“É o que acaba acontecendo, porque essa água no sistema de refrigeração acaba sendo aquecida e vai para torres de resfriamento, onde uma parte evapora. O ideal seria que ele reutilizasse o máximo possível dessa água ou investisse em sistemas que utilizassem apenas ar no resfriamento dos equipamentos. Também priorizar o uso de fontes renováveis para o fornecimento de energia elétrica para os seus centros de processamento”, argumentou.

*Com informações do Jornal da USP

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