Cientistas holandeses descobriram que o impacto da luz e do barulho dos fogos de artifício afetam diversas espécies de pássaros. Já era de conhecimento dos especialistas que o barulho tem efeitos negativos nas aves aquáticas, mas o estudo recente da Universidade de Amsterdã observou que os pássaros reagem ao som e luminosidade e utilizam reserva de energia para fugir, mesmo que estejam a mais de dez quilômetros da fonte do barulho.

Os fogos de artifício são comuns em festejos, principalmente na noite da virada do ano civil. No entanto, muitas cidades criam leis municipais para vetar o barulho porque afeta pessoas idosas, autistas, e os animais. Desta vez, os cientistas holandeses sugerem “zonas livres de fogos de artifício” para evitar o impacto aos pássaros.

Contexto da pesquisa

Bart Hoekstra é ecologista da Universidade de Amsterdã e um dos cientistas que desenvolveu o estudo. Ele explica que a Holanda tem muitas aves invernantes em dezembro e, portanto, os fogos da virada de ano afetam milhões de pássaros. “Os pássaros decolam como resultado de uma resposta de voo aguda devido ao ruído e à luz repentinos”, diz.

Os pesquisadores utilizaram dados do radar meteorológico para analisar a decolagem das aves, a distância e o comportamento de diversas espécies imediatamente após o início dos fogos de artifício. “O uso sincronizado de fogos de artifício na véspera de Ano Novo desencadeia fortes respostas de voo nos pássaros”, perceberam os cientistas.

A importância das zonas livres

O estudo aponta que as aves voam para responder ao possível risco de predação. Como a luminosidade e o barulho são um evento “anormal”, elas decolam. A pesquisa mostra que na noite do ano novo voam, em média, mil vezes mais pássaros do que em uma noite sem fogos de artifício. O número fica entre 10.000 a 100.000 vezes mais do que os de uma noite típica.

O efeito aparece na rotina das aves, pois no dia seguinte elas passam, em média, 10% mais tempo à procura de comida. Além disso, elas param em locais desconhecidos porque estavam fugindo do barulho. Assim, a média de tempo maior a procura de comida é de pelo menos 11 dias.

A pesquisa foi realizada na Holanda, que abriga aves a cerca de 2,5 quilômetros de áreas habitadas. Assim, então, os cientistas defendem as zonas livres de fogos de artifício para perturbar o menos possível os pássaros, sobretudo porque lá é inverno nesta época do ano.

As zonas incluiriam áreas abertas, perto de florestas, e habitats semiabertos. O ecologista Bart Hoekstra sugeriu que os fogos ocorressem em locais centrais das áreas urbanas. “Seria melhor para os pássaros se passássemos para shows de luzes sem som, como shows de drones ou fogos de artifício decorativos sem estrondos muito altos”.

*Com informações do portal CicloVivo

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 15 – Vida terrestre.

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