O inquérito vacinal promovido pelo Ministério de Saúde, que ocorre em todas as 25 capitais do Brasil e, também, em algumas cidades com mais de 200 mil habitantes, está sendo realizado em Goiânia e, posteriormente, ocorrerá em Rio Verde. Nas duas cidades goianas, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (FEN/UFG) participa da coordenação.

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A professora da FEN/UFG, Sheila Araújo Teles, detalhou em entrevista que o estudo busca compreender os motivos da queda na cobertura vacinal, em crianças nascidas em 2017 e 2018, para que medidas possam ser tomadas, visando aumentar o número de vacinados.

“A gente sabe que com a pandemia houve um aumento no número dessas crianças que não estão com as vacinas em dia, em função da mobilidade etc, mas este movimento é anterior”, afirmou Sheila, que apontou como primeiros motivos identificados, o desconhecimento das doenças, até pela efetividade, até o momento, das campanhas realizadas no Brasil e a influência do movimento antivacina, que “é um fenômeno mundial”.

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Em relação a falta de conhecimento da doença, a professora explicou que com as crianças imunizadas, várias pessoas cresceram sem conviver com alguém que teve patologias como poliomielite e meningite, por exemplo. Em função disso, não há medo que os filhos possam contrair essas doenças, pois não entendem a gravidade das infecções.

“O Ministério da Saúde recomenda e oferece gratuitamente 14 vacinas para 16 doenças infecciosas, como poliomielite, tétano, difteria, coqueluche, meningite, sarampo, rubéola, catapora, hepatite B e A, pneumococos, enfim, um número grande de doenças que são prevenidas por meio dessas vacinas e que ocorrem predominantemente na infância”.

A professora ainda alertou que, vacinas tomadas fora da faixa-etária correta tem menor taxa de efetividade, ressaltando a importância da imunização na hora certa. “Nós precisamos melhorar isso e para isso a gente precisa saber o que está acontecendo.”

A professora da FEN/UFG Sheila Teles falou sobre o risco de doenças já controladas voltarem a ocorrer no Brasil

Movimento antivacina

O outro item identificado como um dos causadores da queda na cobertura vacinal é o movimento antivacina, um problema enfrentado em todo o mundo. Segundo a pesquisadora, esses grupos utilizam a internet para espalhar informações falsas sobre as vacinas e causam receio nas pessoas, que ficam com medo de reações adversas e até da composição dos imunizantes. “As vacinas são eficazes, são seguras, antes delas serem disponibilizadas, elas são submetidas a vários testes de eficácia e segurança.”

Vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca a recusa da vacinação como uma das 10 ameaças a saúde global. Segundo a entidade, a restrição de pessoas aos imunizantes pode fazer com que diversas doenças que já foram controladas causem surtos no mundo. “A partir do momento que um pai e uma mãe não vacina uma criança, ela corre o risco de adquirir uma infecção e propagar essa infecção para a coletividade. A vacina não é só uma medida individual, é uma medida coletiva”, afirmou a professora.

Entrevista é segura

A professora da FEN/UFG, Sheila Araújo Teles, procurou deixar claro que a coleta de campo é feita por entrevistados sempre identificados com crachá e uniforme, paramentados com equipamentos de proteção individual. As crianças foram sorteadas a partir do Sistema Nacional de Nascidos Vivos, logo, o entrevistador, realmente, terá dados sobre a criança. “Esse profissional vai se identificar e fazer perguntas sobre as características da criança, da mãe e vai pedir uma foto da caderneta de vacinação. A mãe ou responsável pode ficar tranquilo que todas as informações são sigilosas”.

Em caso de dúvida sobre o inquérito, basta ligar para o Disque Saúde, através do 136. Caso haja dúvidas a respeito do entrevistador, o número para contato é o 0800 025 0174, para falar com a Science.