Perceber sinais de comunicação da natureza, observando os próprios organismos como animais e plantas. Este tem sido na última década o desafio da bióloga, especialista e Ecologia e mestre em Design com foco em Ecodesign e Sustentabilidade, Thalita Campbell.

Em entrevista à Sagres nesta sexta-feira (17) para a série Inspiração da Natureza, ela conta que tudo começou com um questionamento: como levar a linguagem acadêmica da biologia, composta por termos técnicos, às pessoas de outras áreas ou mesmo que estão fora da academia?

“Eu ficava pensando como a prática e o registro da atividade acadêmica da biologia ficava muito restrita a uma divulgação científica com uma linguagem muito técnica, que eu sentia que era um pouco distante do público geral”, afirma. Assista a seguir

Foi a partir do design que as respostas começaram a surgir. No escritório da Tatil Design, Thalita conheceu a biomimética. “Já era um escritório que trabalhava com essa visão de sustentabilidade e foi onde conheci a biomimética, essa inspiração, esse olhar para a natureza para pensar processos humanos, se inspirar na natureza e criar novas formas de pensar produtos, processos e estratégias humanas. Desde então, comecei a entender que o design pode ser uma linguagem através do visual, da relação que temos com bens de consumo, mas também com produtos e tudo com que a gente se relaciona”, relata.

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Segundo Thalita Campbell, a observação da natureza, a partir da biomimética, fez com que fossem identificados padrões. “Quando se olha para uma samambaia, há as folhas principais e dentro delas as folhas são subdivididas em folhas menores, que são novamente subdivididas em folhas menores.Esse padrão fractal é uma coisa que acontece repetidas vezes em vários organismos dentro do nosso cérebro, na organização das galáxias do universo”, afirma.

Um exemplo é a sequência de Fibonacci. Descoberta no final do século 12 pelo matemático Leonardo de Pisa, a teoria mostra que quando números são transformados em quadrados e dispostos de maneira geométrica, é possível traçar uma espiral, que curiosamente também pode ser vista em muitos fenômenos naturais. 

Mais conhecido como Fibonacci, Leonardo de Pisa percebeu um dos exemplos da sequência ao observar a evolução de uma população de coelhos em um ano, originada por um único casal da espécie. Desde que nenhum animal morra no processo, a sequência é infinita e começa com os números 0 e 1. A partir do 3º mês, quando os coelhos possuem maturidade sexual para procriar, o matemático notou que a quantidade de casais de coelhos mês a mês cresce segundo uma mesma ordem. Nesse caso, os números seguintes serão a soma dos dois números anteriores.

De acordo com a bióloga, esse padrão pode ser observado em outros organismos naturais, uma forma de comunicação da própria natureza. “Uma lógica matemática de espirais que se repetem em vários organismos, caracóis, no miolo de uma flor de girassol. É possível ver essa lógica de crescimento da natureza que se repetem em vários organismos de maneira independente”, conclui. Confira a entrevista na íntegra e saiba mais sobre a biomimética

Foto: Sagres TV