(Foto: Reprodução Policia Civil)

Os suspeitos investigados pela Operação Sofisma da Polícia Civil, deflagrada na manhã desta quinta-feira (23), dizem que estão sendo vítimas de perseguição política. A operação apura fraudes na contratação e superfaturamento de contratos assinados a partir de 2014 entre Agência de Comunicação (Agecom, atual ABC), Detran e empresas especializadas em comunicação digital (blogs e sites). 

A justiça autorizou busca e apreensão em 17 endereços dos jornalistas Cristiano Silva (Blog 24 horas); Cleuber Carlos (Blog do Cleuber Carlos), de Luiz Carlos Alves e sua mulher Eni Aquino (Canal Gama); dos ex-diretores da Agecom, João Bosco Bittencourt e sua mulher, Maria Regina, além de Luiz Siqueira e o jornalista Danin Júnior; e dos ex-diretores do Detran, João Furtado e Manoel Xavier. Também autorizou busca nas agências de publicidade Invento Comunicação e Marketing, Espaço Nobre Comunicação e Marketing e Logos Propaganda.

Confira abaixo as respostas dos investigados:

Cleuber Carlos, radialista

Em nota o radialista Cleuber Carlos, acusa o governador Ronaldo Caiado (DEM) de perseguição e incompetência. “O primeiro sentimento é de indignação em relação a perseguição que Ronaldo Caiado realiza contra Marconi e seus aliados para tentar justificar a sua incompetência”, destaca trecho da nota. 

Cleuber diz que é dever e direito da autoridade  policial investigar, para confirmar ou não as suspeitas e garante que vai provar usa inocência. O radialista disse que não foi intimado a prestar esclarecimentos, mas que está à disposição da polícia. “Sabem muito bem que estão promovendo uma ação contra alguém que sabem ser inocente”, diz ele.

Sem citar nomes o radialista diz estar sendo vítima de vingança de um promotor que tem problemas pessoais com ele. “Fui alvo de críticas por suas ações politiqueiras e posteriormente denunciei que sua esposa e filho foram funcionários da Assembleia Legislativa com altos salários”.

Cleuber Carlos termina a nota reafirmando sua inocência. “Para concluir,  quem não deve não teme, mas não vou fazer o jogo dos que estão fazendo serviço sujo e confrontar a autoridade policial,  em respeito a instituição que é composta em sua maioria de pessoas sérias e idôneas, que indignadas,  me aconselham a ter calma e sabedoria”, finaliza.

Luiz Gama, radialista

O radialista Luiz Gama, editor do portal de notícias Canal Gama, também diz ser vítima de perseguição. “Não seremos intimidados por ações injustas e absurdas em qualquer nível, por notas maldosas e ou outras ações covardes e igualmente canalhas com intuito de perseguição”, destaca o comunicador.

Também por meio de nota, Gama refutou acusação de pertencer a esquema com objetivo de atacar pessoas com fake news ou por outros meios. Ele disse que colaborou 100% com as investigações. Afirmou que seu canal é um portal de notícia com credibilidade e grande audiência que somente em fevereiro chegou 1,5 milhão de acessos. Ele destaca que tem 37 anos de trabalho como radialista e como jornalista nos principais veículos de comunicação do Estado. A nota diz ainda que o Canal Gama veicula informações que os principais emissoras de TV e jornais de grande circulação em Goiás também divulgam.

Gama diz que o seu canal recebe mídias de governos nos três níveis: Federal, Estadual e ainda de várias prefeituras. Ele rebate a acusação de que houve superfaturamento de contratos. “Nossa tabela de preços é a mesma para qualquer tipo de anúncio público”, diz.

O radialista diz que não vai se intimidar. “Nosso estilo crítico e ácido pode até incomodar a muitos, mas é, segundo decisão recente do STF, nosso direito de manifestar. Temos sofrido, sim, em Goiás uma enorme perseguição por alguns setores da política goiana, que têm utilizado de todas as formas de intimidação, de assassinato de reputação e de censura. Somos sobreviventes!”.

Essa não é a primeira polêmica envolvendo o radialista Luiz Gama. No fim do ano passado ele foi afastado de BandNews em Goiânia, após publicar em seu perfil em uma rede social comentários considerados homofóbicos e racistas. Ele escreveu no Twitter que o presidente Jair Bolsonaro tinha acertado ao acabar com a obrigação de registro para exercício do jornalismo. “Tem uma fraquíssima em rede nacional só por causa da cor da pele e outro ‘comunzão’ fazendo fama só porque avisou que queima a rosca”, escreveu Gama.

Cristiano Silva, jornalista

O proprietário do blog Goiás 24 Horas, Cristiano Silva, negou que recebeu favorecimento ou direcionamento de publicidade. Em entrevista à imprensa na Decarp, Cristiano afirmou que fez contrato com uma agência de publicidade. Segundo ele, seu blog tem entre 1,5 milhão e 2 milhões de acessos por mês e uma tabela própria de preços. “Foi mandada a tabela de preços, a agência de publicidade viu se tinha capacidade ou não. Pediu as certidões, as certidões foram oferecidas e aí foi veiculada a campanha”, afirmou.

Cristiano questionou qual a irregularidade haveria nisso, porque considera o processo “a coisa mais natural” e em todos os meios de comunicação. Para ele, se há algo de irregular nisso, todos os veículos deveriam também ser investigados. Cristiano reclamou que houve “abuso de autoridade” nas ações da Operação Sofisma e completou: “Eles estão vindo para cima de mim como perseguição política. Eu vou provar.”

João Furtado, ex-presidente do Detran-GO

O ex-presidente do Detran-GO classificou a Operação Sofisma como “um contra a liberdade de imprensa no Estado de Goiás, revisitando a época da ditadura militar, em que a censura era uma das bandeiras, naquele momento”.

João afirmou ainda que não há qualquer indício de materialidade, pois em sua gestão, não fez nenhum pagamento aos blogs citados, “mesmo porque eles não possuíam contratos com o órgão”.

Detran-GO

Em nota, o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) esclarece que apoia completamente e vem colaborando com a Policia Civil, que, por meio da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), deflagrou na manhã desta quinta-feira (23) a Operação Sofisma. A ação investiga antigos contratos de mídia com suspeita de superfaturamento firmados entre a extinta Agecom e o Detran-GO com blogs e sites em gestões anteriores do Governo de Goiás. 

Agência Brasil Central (ABC – antiga Agecom)

A Agência Brasil Central (ABC) informou que apoia completamente e vem colaborando com a Policia Civil, que, por meio da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), deflagrou na manhã desta quinta-feira (23) a Operação Sofisma.

A ação investiga contratos de mídia com suspeita de superfaturamento firmados entre a extinta Agecom e o Detran-GO com blogs e sites em gestões anteriores do Governo de Goiás.

Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa de Goiás informa que não tem relação alguma com a Operação Sofismas, da Polícia Civil, que realizou busca e apreensão em vários órgãos públicos e domicílios dos investigados, como na sala do Diretor de Comunicação deste Poder, na manhã desta quinta-feira, 23.

A operação em curso investiga diversos profissionais ligados à área de comunicação, como um servidor da Casa, por trabalhos realizados em 2014, período anterior à sua posse como diretor na Assembleia Legislativa, não tendo ligação alguma com seu atual posto.

A Assembleia apoia o trabalho da Polícia Civil e aguarda a apuração de novos fatos antes de tomar qualquer providência.

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás

A Sagres aguarda manifestação dos demais investigados.

*Matéria atualizada às 07h51, de 24/01/2020 para acréscimo da nota da Alego