O ipê amarelo mais antigo de Goiânia floresceu, deixando as ruas coloridas. Com ele, desabrochou também uma história cheia de amor e união. Há 70 anos, Cecília de Siqueira Brito plantou a árvore no quintal da sua casa, e hoje, o grande ipê é um legado para sua família.

Assista à reportagem de Ananda Leonel na íntegra:

“Foi em 1953, com o nascimento do meu irmão, que ela plantou. Então, foi cultivando devagar. As noites nossas aqui eram fantásticas”, contou o filho de Cecília, José Guilherme Brito.

“A casa era pequenininha, mas o coração da dona Cecília, você pode perguntar para quem é vizinho antigo, todo mundo sabe aqui quem era ela e o senhor Aguinel”, destacou a neta de Cecília, Alessandra Marcelino.

Localizado na Avenida Contorno, com a Araguaia, no Centro de Goiânia, o grande ipê tem quase 19 metros de altura. Os moradores antigos da região sempre se recordam da dona Cecília, ao ver a árvore.

“A única palavra que eu falo é que dona Cecília é minha segunda mãe. Fui criado junto com ela”, afirmou o mecânica, Edson Dias.

Dona Cecília, uma mulher pequena de 1,45m de altura, mas com o coração gigante e acolhedor. A casa vivia cheia de amigos e familiares, e seus filhos usavam a arvore do ipê para jogar bola com os amigos.

“Eu era menino e aqui era o quintal da minha casa. A gente jogava bola, o ipê era a divisa com o outro lote, não tinha muro. Então, ele era um dos marcadores, a gente colocava o ipê e uma pedra do lado para fazer o gol”, relembrou outro filho de dona Cecília, o Marcos Aurélio.

O gigante ipê amarelo chama a atenção de quem passa, mas ele não se destaca somente pela beleza, já que há essa história por trás. Por essa razão, ele pode ser tombado patrimônio histórico de Goiânia.

“Aqui no local, com esse tombamento, vai possibilitar a preservação, um cuidado, então esse processo já foi todo feito e elaborado pela Amma e encaminhado para as demais providências, chegando à Secretaria de Cultura e posteriormente à Câmara Municipal, para que o processo seja realmente finalizado”, explicou o superintendente de Gestão Ambiental da Amma, Ormando Pires.

O tombamento do ipê amarelo traz alegria e boas recordações da pequena grande mulher, que foi dona Cecília. “Eles conseguiram preservar, então isso foi muito maravilhoso. Acho que é um pedacinho dela que ficou para a cidade, tem pessoas que nunca viram minha vó, passam por aqui e conseguem se alegrar, sentir amor por uma coisa que ela fez”, opinou a neta, Karina Katopodis.

Cecília faleceu aos 57 anos de idade, mas seu legado continua com as belas flores amarelas. “Eu lembro do meu pai, da minha mãe, da nossa história, meus irmão também. De um modo geral, desse povo todo, que frequentava com a gente aqui. Então, eu fico emocionado”, pontuou José Guilherme.

“Isso aqui pra mim é minha mãe todo ano falando estou aqui, para que a gente siga o exemplo dela”, finalizou a filha Lucilene de Brito.

Foto de dona Cecília, mulher que plantou o ipê amarelo | Foto: Arquivo pessoal

Leia mais: