Neste sábado (24), Atlético e Goiás se enfrentam em mais um clássico do Campeonato Goiano 2012. Historicamente o confronto é equilibrado, nesse ano o Goiás está em vantagem, venceu o primeiro jogo por 1 a 0. Para saber mais sobre este clássico, que ganha vez mais força, o repórter da Rádio 730, Vinícius Moura entrevistou dois importantes para as equipes. A reportagem conversou com o lateral-esquerdo Célio Gaúcho que defendeu o Dragão em 1985, quando a equipe conquistou o título goiano e com o atacante Niltinho, jogador que defendeu o Goiás de 1987 à 1993 e permanece no clube como auxiliar técnico.

Os dois ex-jogadores frisaram que na década de 80 o confronto com maior rivalidade era entre Goiás e Vila, mas a disputa entre o Dragão e o Verdão também tinha seu charme. “Antigamente o maior clássico era Goiás e Vila, a casa era sempre cheia, não tinha essa bagunça de briga que é hoje, mas no Atlético e Goiás a rivalidade também era grande. Era gostoso porque o time do Goiás sempre foi um time bom e depois de 1985 o Atlético conseguiu manter um padrão e um time muito bom também. Assim a gente conseguia disputar de frente com o Goiás, com o Vila”, explicou Célio Gaúcho.

Niltinho disputou seu primeiro clássico com Atlético em 1987 e disse que as torcidas eram mais empolgadas com o dérbi. “Parece que era mais emocionante, uma coisa mais de raiz, hoje parece que não tem tanto isso. Era mais disputado, a torcida parece que vivia mais a situação. Dentro de campo os atletas conseguiam resolver. Hoje está partindo para o lado da violência, então isso tudo vai afastando, tirando o público, o que é uma coisa ruim”, destacou o ex-atleta esmeraldino.celio3

Célio Gaúcho e Niltinho também concordam que atualmente o confronto entre rubro-negros e esmeraldinos tem ganhado mais relevância, por conta da ascensão do Atlético no futebol nacional. “Hoje está sendo Goiás e Atlético, hoje o principal clássico é esse. Até porque o Vila ele precisa manter uma estrutura e um padrão de jogo, pois tem uns cinco ou seis anos que não tem. Se perguntar quais os jogadores que passaram no Vila do último ano para cá, os caras não sabem dizer. Então isso aí fez com que aquela rivalidade toda caísse”, comentou Célio.

Apesar de perceber a importância do duelo, Niltinho ainda acredita que Goiás e Vila é o grande clássico do Estado. “O Atlético cresceu muito, a torcida está crescendo, tem uma grande equipe, mas acho que dificilmente consegue superar, pela tradição e rivalidade do clássico Vila e Goiás”, destacou.

Diferenças no futebol

Ambos os jogadores eram habilidosos e rápidos o que empolgava a torcida. Niltinho atuava como ponta-direita, era veloz e deixava os companheiros na cara do gol. Célio jogava na lateral-esquerda e tinha habilidade para chegar ao ataque. Os ex-jogadores lamentaram os pequenos públicos dos clássicos atualmente e responsabilizaram o futebol praticado hoje em dia, a violência e a comodidade da televisão pela falta de interesse das torcidas. Célio crê que o futebol perdeu a técnica e passou a priorizar a força, o condicionamento físico e isso não atrai o torcedor. O ex-lateral diz que os jogadores disputam muito dentro de campo, brigam, dependem da força e isso influencia a torcida, que aos poucos se tornou mais violenta.

“Antigamente eu lembro, em um clássico entre Atlético e Goiás o estádio era sempre cheio. Isso dava motivação, poderia estar um calor enorme, mas você corria pra caramba”, frisou Gaúcho.

Niltinho lembrou que antigamente, quando havia clássico a cidade toda só falava nisso durante a semana inteira. O ex-jogador também acredita que a forma de jogar atual não empolga mais a torcida. “Acho que a maneira de jogar, o futebol hoje parte muito para o lado tático, a força física. Então, de repente, o torcedor sente falta disso”, ressaltou.

Nem doping tira o título de 1985

Em 1985 o Atlético foi campeão goiano após 15 anos sem conquistas. O Goiás foi vice-campeão, mas o título atleticano esteve ameaçado, por conta de um episódio envolvendo Célio Gaucho. Antes do primeiro dérbi entre o Dragão e o Goiás, o lateral Célio gripou e tomou remédios com substancias não permitidas. O jogador atuou no primeiro tempo da partida e foi substituído, pois não atuava bem e se sentia mal, ainda assim foi escolhido para realizar o exame antidoping, que detectou a substancia proibida.

Apesar de ser sorteio, Célio acredita que houve uma armação, por parte do Goiás, para pegá-lo. “Era sorteio, mas acho que foi premeditado, porque estavam falando que talvez eu nem jogasse, tanto é que aquele dia foi um dos piores jogos meus, joguei apenas um tempo. Mas me colocaram no exame antidoping”, reclamou.

Célio foi pego no exame, o clube esmeraldino reclamou, tentou tirar o título do rubro-negro no ‘tapetão’. Apesar das adversidades o Dragão seguiu firme na competição, conseguiu vencer as finais e conquistar o título que renovou as energias da torcida rubro-negra. celio2

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