Uma das melhores formas de ensinar crianças e adolescentes em tempos de globalização e avanço tecnológico é através dos jogos digitais, tabuleiros e da gamificação. Entretanto, como debater assuntos importantes, delicados e necessários, como violência e abuso sexual, para que esse público compreenda as formas de se proteger e denunciar? A Visão Mundial lançou um jogo pedagógico, inspirado no livro de mesmo nome, chamado “Não me toca, seu boboca”. O objetivo do jogo é ensinar crianças e adolescentes a diferenciar carinho de assédio de forma criativa sobre partes do corpo, limites e sobre como buscar ajuda caso presencie ou sofra alguma situação de abuso ou violência sexual.

O jogo é um meio poderoso e imersivo de entrar no mundo das crianças e dialogar com a linguagem que elas entendem: diversão. Dessa forma, há uma compreensão da criança para que ela aprenda a proteger a si e aos seus amigos contra abusos e consigam denunciar.

A iniciativa é uma resposta à alarmante estatística divulgada pelo Disque 100, que registrou mais de 95 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes em 2020 e a cada hora, três crianças ou adolescentes são violentados sexualmente no Brasil.

Como funciona o jogo?

O jogo segue a mesma narrativa do livro escrito por Andrea Taubman e publicado pela Editora Aletria, que conta a história da coelha Ritoca. Ela percebe que seu novo vizinho, apelidado pelos amigos de Tio Pipoca, não respeita seus direitos e seu corpo, apesar de parecer bonzinho. As regras funcionam da mesma forma de um jogo de tabuleiro. A coelha Ritoca precisa resgatar as 5 fichas que representa seus amiguinhos e a maneira de resgatar essas fichas é através dos dados lançados à mesa. Em seguida, a criança recebe um dilema conforme o número revelado pelos dados.

Por exemplo: os dados são jogados à mesa, se você tira o número 2, a coelha anda duas casas. Se a Ritoca cair na casa azul ou roxa ela pode resgatar dois amigos. Se ela cair na casa do Tio Pipoca, ela vai pegar a “carta de dilema”. Nessas cartas, existem situações reais e estatisticamente estudados que acontecem com as crianças que sofrem algum tipo de violência e abuso. A criança vai ler a carta e refletir sobre o enigma. Ela pode pedir ajuda aos colegas, entretanto, a criança quem toma a decisão final. Ao acertar o enigma, ela ganha um marcador colorido e continua o jogo. Se ela errar, ela pega um marcador preto e branco.

Preto e Branco?

O marcador preto e branco, demonstra que a criança pode ter sofrido algum tipo de violência e abuso sexual. Pois as crianças que sofrem abusos, elas perdem a cor. Então o jogo representa, de uma forma lúdica, situações de abusos que elas podem ter sofrido. E para resgatar as cores, a criança continua jogando e passa por outro dilema até acertar. Cada jogada tem duração média de 25 minutos e a faixa etária indicada é para crianças com mais de 5 anos. E pode ser jogado por 1 a 6 jogadores guiado por educadores.

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