(Foto: Sagres on)

O juiz Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara da Justiça Federal, decidiu manter Jayme Rincon e o policial militar Márcio Garcia Moura na prisão para impedir que eles interfiram no processo eleitoral deste ano. A decisão foi tomada na noite desta terça-feira e revelada com exclusividade pela Rádio Sagres 730

O juiz considerou que o R$ 1 milhão encontrado nas casas do policial e de Jayme indica que a “orcrim” (organização criminosa) continuaria a agir. “Ressalte-se que no caso em apreço, a liberdade de tais indivíduos além de perpetuar o aparato de arrecadação de valores espúrios para fins ainda não suficientemente esclarecidos, a toda evidência, pode contribuir com o desequilíbrio daquilo que é o elemento mais basilar da democracia – o pleito eleitoral.”

Em seu despacho, Rafael Ângelo observou que no primeiro momento não concedeu o pedido de prisão preventiva por não ter encontrado motivos suficientes. “lsso porque, em que pese tenha sido verificada a existência de indícios de materialidade e autoria relativamente aos investigados, preenchendo o requisito do fumus commissi delicti, por ausência de contemporaneidade nos elementos fáticos não se constatou a imprescindibilidade da medida (periculum libeñatis). No entanto a presença de tanto dinheiro na casa dos dois presos configurou para o juiz a “contemporaneidade” do delito.

“A estreita relação entre Jayme Rincón e Márcio Garcia de Moura, indicado como motorista daquele, associada à apreensão da quantia de quase 1 milhão de reais em poder deste, sedimentada nos elementos de prova descritos na decisão que ensejou a deflagração da operação, são elementos suficientes a ensejar a decretação da prisão preventiva de tais investigados, com o intuito de desarticular a orcrim investigada”, afirmou o juiz em sua decisão.

Rafael Ângelo observa que o ex-governador Marconi Perillo detém forte poder de influência no Estado, que ele é apontado como chefe da “orcrim” e, como fato concreto de seu poder, cita a nomeação do cunhado do ex-governador, Sérgio Cardoso, para conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), “fato que demonstra tanto seu poder sobre seu sucessor, quanto sobre a casa Legislativa do Estado”, disse o juiz.

“Não se pode esquecer que o apontado líder da atuação criminosa foi governador do Estado por quatro mandatos, intercalado apenas pelo mandato que exerceu como senador, possuindo enorme influência nos mais diversos órgãos do governo, como demonstram os fatos investigados, em que os encarregados da busca de valores destinados àquele, no mais das vezes, eram policiais militares”, escreveu Rafael Ângelo. Em decorrência dessa “influência da orcrim” o juiz decidiu transferir o policial Márcio Moura, que estava detido em quartel da Polícia Militar, para uma unidade do Exército.

O juiz explicou que prorrogou por mais cinco dias a prisão temporária do filho de Jayme, Rodrigo Godoi Rincón, por ele ser investigado por suposta participação no crime de lavagem de dinheiro. O juiz afirmou que o jovem sofre uma cardiopatia, usa marcapasso, mas que os laudos apresentados por ele são de 2017 e que a perícia médica feita pela Polícia Federal garante que ele tem condições de ficar detido. O empresário Carlos Alberto Pacheco Júnior teve a prisão prorrogada por igual período, pois a polícia ainda continua a investigar a participação da empresa Smart Eventos, da qual é sócio, no transporte de valores para o esquema. Carlos Alberto é acusado de ter recebido na sede da empresa R$ 1,8 milhão.

A Rádio Sagres 730 tentou ouvir o advogado de defesa dos acusados, Romero Ferraz Filho, mas conseguiu contato até o fechamento dessa reportagem.