No cenário das novas administrações municipais, refletir sobre as prioridades que impulsionarão o desenvolvimento das cidades é essencial. Nesse contexto, é imperativo reconhecer que o sucesso de qualquer gestão passa pela inclusão dos jovens como público-alvo das políticas públicas. A juventude, além de ser o futuro das cidades, é também o presente que demanda ações concretas para construir sociedades mais justas, inovadoras e sustentáveis.

Dados alarmantes apresentados pelo boletim do Dieese do 1º Trimestre de 2024, mostram que 9,8 milhões de jovens, de 15 a 29 anos, nem estudam e nem trabalham. No entanto, 93% deste público está procurando trabalho, ajudando em casa ou realizando cursos não regulares. Para o ex-presidente do Conselho Nacional de Juventude e atual subsecretário na prefeitura do Rio, Gabriel Medina, avalia que “o mais adequado é nomeá-los como “sem-sem” e não “nem-nem”.”

Ricardo Paes de Barros, Samuel Franco, Laura Muller Machado, Daiane Zanon e Grazielly Rocha, no livro “Consequências da violação do Direito à Educação”, apresentam estudo realizado pelo Insper e a Fundação Roberto Marinho que reforçam a urgência dessa agenda. Estes jovens “sem-sem” (sem estudos, sem trabalho) enfrentam exclusão econômica e social. A falta de oportunidades seguras à este público não impacta apenas a si e suas famílias. 

O Brasil perde R$220 bilhões anuais devido à evasão escolar, equivalentes a 3,3% do PIB. Se compararmos com o saldo disponível para o Fundeb em 2025, esta perda equivale a quase 70%. Além disso, cada jovem que abandona a educação básica gera uma perda individual de R$ 395 mil ao longo de sua vida produtiva. 

Esses dados revelam uma verdade inegável: o custo de não educar e incluir jovens é imensamente maior do que o investimento necessário para transformá-los em protagonistas do desenvolvimento local.

A inclusão do jovem nas políticas públicas deve ser tratada como estratégia prioritária por três principais razões:

1. Redução da desigualdade e promoção de oportunidades: Uma cidade bem-sucedida é aquela que garante que seus jovens tenham acesso à educação de qualidade, oportunidades de trabalho digno e espaços para participação cidadã. Investir em programas educacionais de recomposição de aprendizagens, de educação adaptativa e de formação profissional não só reduz as taxas de desemprego juvenil, mas também cria um ciclo virtuoso de geração de renda e desenvolvimento local.

2. Fortalecimento da democracia e do engajamento social: Os jovens têm um papel fundamental na renovação democrática. Políticas que promovam o protagonismo juvenil em processos decisórios – como conselhos municipais e ações comunitárias – fortalecem a participação cidadã e criam uma geração mais consciente e ativa.

3. Inovação e sustentabilidade: Os jovens são os principais agentes de transformação em um mundo que exige soluções sustentáveis e inovadoras. Ao investir em educação tecnológica, economia verde e cultura de paz, as cidades podem se tornar hubs de soluções para os desafios globais, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

Ignorar os jovens em um momento de mudanças estruturais e desafios globais é comprometer o futuro das cidades. Priorizar a juventude como foco das políticas públicas é uma estratégia indispensável para a prosperidade e a sustentabilidade urbana. Que as administrações municipais tenham a visão de promover a inclusão juvenil como pilar para o desenvolvimento coletivo.

[COP À COP]

– COP 30. A preocupação do governo com a participação de líderes globais na COP30 inclui o impacto da ausência de Washington e o papel do presidente Lula no convencimento diplomático, como demonstrado no G20. O embaixador André Corrêa do Lago defende um pacto nacional para unir setores sociais e econômicos. Obstáculos como a desconfiança entre países ricos e pobres serão enfrentados com foco na implantação do Acordo de Paris, envolvendo estados e o setor privado. A indicação de Maurício Lyrio como negociador no BRICS+ reforça a diplomacia climática brasileira.

– PROGRAMA ANTI INCÊNDIOS. O ministro Flávio Dino, do STF, determinou que o governo federal e estados da Amazônia Legal, além do Mato Grosso do Sul, apresentem planos emergenciais de manejo integrado do fogo em 30 dias úteis. A medida surge após dados do MapBiomas apontarem aumento de 79% na área queimada em 2024. Os planos devem envolver sociedade civil e empresários, seguindo a Lei 14.944/2024. Dino destacou que ações preventivas são essenciais para evitar violações à Constituição e compromissos internacionais. Uma avaliação inicial do plano está marcada para 13 de março de 2025.

– FÓRUM SOCIAL. Em discurso no Fórum Econômico Mundial, António Guterres, secretário-geral da ONU, alertou sobre duas ameaças globais: a crise climática e o avanço sem controle da inteligência artificial. Guterres criticou a dependência de combustíveis fósseis, chamando-a de um “monstro de Frankenstein”, e destacou o abandono de compromissos climáticos por bancos e empresas. Sobre a IA, reconheceu seu potencial, mas enfatizou a necessidade de governança, defendendo o Pacto Digital Global para garantir que a tecnologia beneficie a Humanidade. Ele pediu ação global imediata para evitar a destruição de “vida como a conhecemos”.

BLOOMBERG SUBSTITUI EUA. Michael Bloomberg anunciou que sua fundação cobrirá o financiamento interrompido pelo governo Trump ao secretariado da UNFCCC, garantindo a continuidade das negociações climáticas. Os EUA, que respondiam por 22% do orçamento de US$ 96,5 milhões da Convenção, deixaram de repassar fundos com a saída do Acordo de Paris. Bloomberg já havia substituído repasses em 2017 e reforça agora o movimento “America Is All In”, mobilizando governos subnacionais e o setor privado na luta contra a crise climática.