A inteligência artificial deve afetar quase 40% dos empregos globais, com países com economias avançadas enfrentando maior exposição do que os mercados emergentes e os de renda mais baixa. A análise é da diretora do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva. Em um blogspot publicado no último domingo (14), a dirigente alertou que a desigualdade no mercado de trabalho é uma tendência para os próximos anos.

“A IA irá provavelmente agravar a desigualdade geral, uma tendência preocupante que os formuladores de políticas devem abordar proativamente para evitar que a tecnologia alimente ainda mais as tensões sociais”.

“As conclusões são surpreendentes: quase 40% do emprego global está exposto à IA. Historicamente, a automação e a tecnologia da informação tendem a afetar as tarefas rotineiras, mas uma das coisas que diferencia a IA é a sua capacidade de impactar empregos altamente qualificados. Como resultado, as economias avançadas enfrentam maiores riscos decorrentes da IA ​​— mas também mais oportunidades para aproveitar os seus benefícios — em comparação com os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento”, completou

Investimentos

Segundo Kristalina Georgieva, os países devem ter um maior cuidado com trabalhadores em estado de vulnerabilidade, oferecendo redes de segurança social e programas de reciclagem, pois, embora exista potencial para a IA substituir totalmente alguns empregos, o cenário mais provável é que ela complemente o trabalho humano.

“Podemos tornar a transição para a IA mais inclusiva, protegendo os meios de subsistência e reduzindo a desigualdade”.

Os tópicos abordados pela diretoria do FMI sobre a inteligência artificial coincidem com uma das pautas na reunião de líderes empresariais e políticos globais, o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que começa nesta segunda-feira (15) e vai até sexta-feira (19). Atualmente, muitas empresas investem em tecnologia emergente, causando preocupação entre os funcionários sobre o futuro das suas funções.

“Para ajudar os países a elaborar as políticas certas, o FMI desenvolveu um Índice de Preparação para a IA que mede a preparação em áreas como infraestruturas digitais, políticas de capital humano e de mercado de trabalho, inovação e integração económica, regulação e ética”, reforça Kristalina.

Acordo

A União Europeia chegou a um acordo em dezembro de 2023 sobre a regulamentação do uso IA. O acerto político entre os países do bloco e do Parlamento Europeu estabelece uma referência para aproveitar os potenciais benefícios da tecnologia, ao mesmo tempo que tentam se proteger contra os seus possíveis riscos.

Entre as obrigações das empresas que produzem inteligência artificial, estão: obrigação de transparência (têm de deixar claro que o conteúdo foi gerado pela IA); elaboração de documento técnico sobre os conteúdos; Cumprimento da legislação da UE sobre direitos autorais; Resumos detalhados sobre o conteúdo gerado pelos sistemas; Reportar à Comissão Europeia sobre incidentes graves, além garantir a segurança cibernética; avaliar e mitigar riscos sistémicos e realizar testes contraditórios.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

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