Em entrevista à Sagres, nesta quinta-feira (3), o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Lissauer Vieira, criticou a atitude do presidente da Câmara de Aparecida, o vereador André Fortaleza (MDB), de cortar o microfone de sua colega, a vereadora Camila Rosa (PSD), durante sessão.

“Não vejo essa atitude como democrática. Eu como presidente de um poder, não faria isso jamais. Já tivemos embates grandes na Assembleia, brigas entre deputados, falas de parlamentares. Eu sempre deixei muito livre isso desde que não ofenda a família, a pessoa ou fale palavras de baixo calão”, declarou Lissauer.

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O presidente da Alego defendeu ainda que a vereadora de Aparecida tem imunidade parlamentar e o direito de se expressar como quiser. “Eu não concordo e não comungo com o corte da fala de um parlamentar, seja de qualquer esfera que for”.

Ouça a entrevista completa:

Entenda o caso:

Durante a sessão realizada na Câmara de Aparecida de Goiânia, nesta quarta-feira (2), o presidente casa, André Fortaleza e a vereadora Camila Rosa debatiam sobre cotas de gênero. Ao falar sobre o assunto, o vereador citou comentários feitos nas redes sociais e afirmou que “não é machista por falar que é contra cotas”.

“Agora, uma cidadã dessa vem me falar de machismo […] Eu só falei que os direitos têm que ser iguais e os deveres também. Se não tem uma postura, se não tem caráter, para mim não importa se é mulher ou homem, não tenho interesse nisso”, disse o presidente da Câmara.

Ao receber a oportunidade para falar, Camila disse que não afirmou que André é contra cotas. “Eu disse que concordava com o senhor [André] sobre a questão de ter pessoas, entre homens e mulheres, honestas. Eu não disse que o senhor é contra cotas. Agora, se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido, porque o senhor sempre fala de caráter e de transparência, parece que tem algum problema com isso”, argumentou a vereadora, que foi interrompida neste momento pelo presidente da Câmara, que cortou o microfone da parlamentar.

André Fortaleza e Camila Rosa durante sessão na Câmara de Aparecida de Goiânia (Imagem: Reprodução)

Durante a discussão mais acalorada, André Fortaleza pediu respeito e não foi possível ouvir de maneira clara o que disse Camila, em função do microfone cortado. Ao retornar a fala, a vereadora, chorando, desabafou: “É isso que fazem com as mulheres na política. É por isso que a gente precisa procurar os nossos direitos. A política desde sua existência vem de um espaço machista sim e para isso é necessário que nos espaços de poder estejam mulheres, negros, índios e pessoas da comunidade LGBT e pessoas que representam essas classes”.

Pelas redes sociais, ainda na quarta-feira (2), a vereadora Camila Rosa postou um comunicado informando que não seguiria com a agenda do dia, pois “não se encontrava em condições emocionais diante do covarde assédio moral sofrido”.

O vereador André Fortaleza também se manifestou pelas redes sociais e pediu desculpas pelo episódio, além de declarar que oferece “total apoio a classe feminina”. Na nota, André disse também que o corte do microfone é algo comum na Câmara diante de um debate acalorado. “Tal procedimento é de praxe durante as sessões, por mera questão de ordem, quando os ânimos se exaltam, independente de quais parlamentares estejam na discussão”, defendeu.

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