Situações cotidianas onde o racismo está inserido por muitas vezes acabam passando despercebidas no nosso dia a dia. Nas escolas e nas salas de aulas também não é diferente, pois o racismo estrutural está presente em todas as esferas da nossa sociedade.

Foi a partir de uma situação ocorrida em uma de suas aulas que a professora Erivânia Brito teve a ideia de escrever o livro infantil “Onde está o me lápis cor de pele”, que visa estimular a educação antirracista em crianças.

“O livro surgiu a partir de uma situação de aula onde uma aluna me pediu um lápis para colorir que fosse da cor de pele. Quando entreguei o lápis marrom claro, que é a cor da minha pele e também da dela, ela disse: “não professora, esse não é o lápis cor de pele. O cor de pele é o rosa claro”.

“Foi ai que propus que todos da sala tirassem dos seus estojos um lápis cuja a cor fosse o mais parecido com a cor de sua pele. Aí então, todos perceberam que o rosa claro não significa cor de pele e que cada um tem a sua cor,” conta a professora.

Primeira infância

Para Erivânia, a cena que aconteceu em sua sala de aula é apenas um exemplo de situações que ocorrem diariamente em sala de aula. Segundo ela, a função do livro é atuar como um formador de conceitos, aproveitando assim o melhor momento cognitivo da criança.

“Infelizmente essa é uma cena que se repete diariamente na salas de diversos professores ao longo do Brasil e que passa despercebido, porque o racismo nas escolas também é estrutural. Quando uma criança negra começa na escola ela sente muito o trauma de não se sentir pertencente aos seus pares.”

“Quando a criança começa na educação infantil ela está construindo suas estâncias neurológicas, se formando como pessoa. Trabalhar conceitos nesta idade se torna muito mais fácil. É mais fácil construir uma educação antirracista em uma criança do que descontruir conceitos racistas inseridos em um adulto”, afirma a professora.

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