“É preciso que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas [na COP]. Precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que ser votada internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir”. 

A fala é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa com a imprensa em Doha, onde o mandatário se reuniu com emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad al-Thani. A reunião ocorreu na véspera da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, que começa nesta quinta-feira (30) em Dubai. Nesse sentido, Lula disse não acreditar nas chances de um acordo com países ricos no âmbito da COP.

Vale lembrar, contudo, que os presidentes dos Estados Unidos e da China, Joe Biden e Xi Jinping, respectivamente, não estarão na COP28. Os dois países, porém, maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta, enviarão representantes para a Conferência. Juntos são responsáveis por 38% das emissões.

Reflorestamento

Segundo Lula, porém, o Brasil registra mais de 40 milhões de hectares de terras degradadas e que podem ser recuperadas, “não apenas para plantar comida, mas para poder reflorestar”. “Estamos com um vasto programa de investimento em energia verde renovável, de recuperação dessas terras degradadas. E acho que a discussão que vai se dar na COP ainda pode não ser decisiva, mas vamos ter que mudar o jogo para que as pessoas aprendam que o planeta não está brincando, o planeta está avisando: ‘Cuidem de mim porque senão vocês vão perder’”, disse o presidente.

Ainda sobre os compromissos do Brasil na COP28, Lula lembrou que a proposta da comitiva brasileira consiste na criação de um fundo permanente para financiar florestas tropicais.

“Para você manter o planeta habitável e todo mundo vivendo confortavelmente, não é apenas ajuda para não desmatar. É fazer com que se mantenha a floresta em pé para sempre e que se tente reflorestar aqueles lugares que não têm mais floresta”, afirmou. “O ser humano não pode continuar sendo irracional. Não pode ser o único animal vivo a destruir seu habitat natural. É a única espécie que mata sem fome, que rouba sem precisar e a única espécie que destrói a cama que dorme. Precisa se reeducar. O humanismo precisa voltar a prevalecer nas nossas decisões”, complementou.  

Encontro com o emir

“Quando vim aqui [ao Catar] a primeira vez, tínhamos uma relação comercial de US$ 36 milhões. Agora, ela já está em US$ 1,6 bilhão, com potencial de muito investimento do Catar, sobretudo na questão de novas pesquisas, exploração do petróleo, reflorestamento do país, manutenção da agricultura de baixo carbono.” 

Após se reunir com o emir, xeque Tamim bin Hamad al-Thani, Lula voltou a elogiar o papel diplomático do Catar na mediação do conflito Israel-Palestina e na libertação de reféns. “O Catar teve papel importante para a liberação dos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza”. 

Conforme Lula, ainda há brasileiros na região do conflito. O presidente citou especificamente o caso de um brasileiro não identificado que continua mantido refém pelo grupo extremista islâmico Hamas e que, segundo o petista, pode ser liberado “por esses dias”. 

Com informações da Agência Brasil

O texto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima

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