Após o fim de uma era no Atlético, o goleiro Márcio em julho de 2016 foi anunciado como novo arqueiro do Goiás, onde tem contrato até o fim de 2017. No entanto, se o jogador, de 35 anos, soubesse da diferença de perfis dos jogadores dos dois clubes, ele não teria pensado duas vezes em recusar a proposta esmeraldina. Quem garante? Ele mesmo.

“Minha saída do Atlético foi uma decisão pessoal, nem minha esposa sabia disso. A primeira pessoa que conversei sobre o assunto foi o Marcelo Cabo. Eu entendia que não poderia contribuir mais com o projeto do Atlético. E não considero um erro o acerto com o Goiás. Quando eles se manifestaram, eu prontamente aceitei, mas se eu soubesse que o grupo era do jeito que foi em 2016. Eu não viria de jeito nenhum”, afirmou Márcio.

O goleiro do Alviverde atuou em 13 partidas, todas pela Série B do Campeonato Brasileiro, onde o Verdão terminou na 13ª colocação. Em mais de uma ocasião, Márcio foi criticado. Algo que o próprio atleta entende e reconhece por ter ficado devendo em campo. “Sei que eu deveria ter rendido mais. Dos 12 anos que jogo futebol profissional, essa foi a minha pior temporada tecnicamente. Se houver a possibilidade em 2017, vou mostrar o meu melhor. Da minha parte, a expectativa para o ano que vem é a melhor possível”, comentou o goleiro.

Segundo Márcio, o elenco esmeraldino de 2016 deve ser esquecido. “São pessoas do bem, mas entendo que no futebol o jogador precisa de objetivo. E não vi isso no Goiás, mesmo quando estive no banco”, observa o ‘camisa 1’ do Verdão.

Confira abaixo a entrevista completa.

A culpa do insucesso do Goiás pode ter sido dos técnicos?

– Não aponto a culpa para os treinadores, o Léo Condé chegou e fez seu trabalho. Mas podia chegar o Tite que o grupo não ia responder dentro de campo. O elenco tem muita amizade, mas o comprometimento não existia.

E o Gilson Kleina, conseguiu ajudar em algo?

– Algo que vale a ressalva, eu fiquei realmente impressionado com a educação dos funcionários do clube. Tive uma receptividade que vou levar por toda minha vida. Dentro de campo, no entanto, teve bico sim. Eu ignorei, mas me atrapalhou, assim como os demais goleiros porque alguns desses bicos saíram justamente de nós três. Faltou sintonia entre nós. O Gilson Kleina percebeu e nos reuniu, onde foi possível lavar toda roupa suja. Pra mim tudo ficou resolvido.

Em relação a preparação dos três goleiros, pode ter afetado no rendimento?

– Não digo que a preparação de goleiros foi ruim, isso seria injustiça com os profissionais que dão o máximo pelo clube. Mas nós (goleiros) precisamos dar nossa respostas nos treinamentos. Eu assumo a minha responsabilidade de não ter feito o meu melhor. Uma ressalva: o elenco ajuda muito na confiança do goleiro, posso dizer que a temporada foi difícil para todos. E isso será revisto para 2017.

O goleiro Marcelo Rangel está na mira do Goiás, como você avalia a chegada de mais um arqueiro?

– Na minha opinião eu, o Renan e o Ivan temos capacidade para jogar em qualquer time do Brasil, mas todos nós passamos um ano ruim. Se eles (diretoria) entenderem que mesmo com esses três goleiros será necessária a contratação de outro profissional, eles devem contratar. Cabe a cada goleiro buscar seu espaço.

A disparidade entre os elencos de Atlético e Goiás é grande?

– O time do Atlético em 2016 foi muito bem, inclusive os goleiros que possuem bagagem no futebol brasileiro. Era uma equipe que tomava poucos gols. Posso dizer do Goiás o seguinte, não culpando ninguém, infelizmente o elenco não tinha essa afinidade dentro de campo, não existia o compromisso de se alguém errasse, outro iria cobrir. Não era assim. O Goiás fez o impossível para conquistar o acesso. A diretoria fez de tudo para os jogadores comprarem o planejamento, chegou a pagar bichos altíssimos no decorrer da competição. Mas se o Goiás tivesse subido, certamente essa entrevista seria diferente.