Deltan Dallagnol e Sérgio Moro (Foto: Reprodução/Site Gazeta Online)

A revelação pelo site The Intercept Brasil de conversas atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, o então juiz Sérgio Moro, vem levantando questionamentos sobre a imparcialidade do ex-magistrado quando julgava casos da operação. O assunto foi o tema do Debate Super Sábado desta semana, na Sagres 730.

“É uma ironia do destino. Há alguns meses o então juiz Sérgio Moro disse que não importava a origem da informação. Importava se ela tinha um peso para a população, se tinha interesse público. Se o tivesse, a divulgação deveria ser feita, segundo palavras do ministro Sérgio Moro. E hoje ele é vítima, porque foi uma ação criminosa, mas ele é vítima de uma ação que ele ajudou a patrocinar, que ele apoiou”, analisa Cláudio Curado, diretor do Sindicato dos Jornalistas do Estado de Goiás.

“Para condenar Moro ou libertar os criminosos da Lava Jato com base nessas mensagens é que não é admissível o uso do fruto do crime. O ministro Gilmar Mendes encampa essa ideia de que para inocentar, até uma prova ilícita seria utilizável, o que acho até discutível, é uma posição, mas precisa passar pelo devido processo legal. Essas mensagens devem ser averiguadas, deve ter o contraditório”, defende o advogado Felipe Junqueira, e argumenta que Moro foi favorável à liberdade de imprensa quando citou a divulgação de mensagens. 

Tanto Moro quanto Glenn Greenwald, editor do The Intercept, já prestaram esclarecimentos das comissões da Câmara e do Congresso. O ministro não reconhece a veracidade das mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram entre o então juiz e os procuradores, e afirma que foram adquiridas de forma criminosa, e que possam ter sido alteradas ou editadas. Já Greenwald diz que o conteúdo possui autenticidade.

O The Intercept assegura que possui cerca de 1 milhão de mensagens, o que equivale a 30 mil páginas de arquivos a serem analisados.  

Ouça o debate na íntegra

soundcloud

Felipe Junqueira e Cláudio Curado, nos estúdios da Sagres (Fotos: Jéssica Dias/Sagres On)