Morreu na tarde desta quinta-feira (24), aos 89 anos, Antolinda Baía Borges, a Tia Tó. Considerada defensora da cultura e da história da Cidade de Goiás, a idosa não resistiu a complicações de um acidente vascular cerebral (AVC).

Tia Tó passou mal no último dia 15 de junho e foi hospitalizada no São Pedro de Alcântara, na antiga capital goiana. Depois foi transferida para o Hospital do Coração em Goiânia. Com o diagnóstico de AVC na terça-feira (22), chegou a ser intubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e seu quadro de saúde piorou, chegando a ser considerado irreversível.

O governador Ronaldo Caiado (DEM) lamentou a morte de Tia Tó. “Recebi com muita tristeza a notícia de que uma das figuras mais importantes da Cidade de Goiás, a Tia Tó, morreu nesta tarde. Ela tinha 89 anos e não resistiu às complicações de um AVC. Meus sinceros sentimentos à família e amigos de Antolinda Baía Borges”, tuitou o democrata.

O ex-governador Marconi Perillo também lamentou a morte de Tia Tó. Em nota, Marconi afirma que Tia Tó e a Cidade de Goiás se confundem, e que ela “era o rosto desta amada Vila Boa de Goiás, Patrimônio da Humanidade, título que, aliás, dever-se em grande monta ao incansável trabalho realizado por ela e outros abnegados apaixonados pela justa causa”.

Confira a nota na íntegra a seguir

Tia Tó e a Cidade de Goiás se confundem. Ela era o rosto desta amada Vila Boa de Goiás, Patrimônio da Humanidade, título que, aliás, dever-se em grande monta ao incansável trabalho realizado por ela e outros abnegados apaixonados pela justa causa.

Nada se passou em Goiás em mais de sete décadas sem que Antolinda Baía Borges, de alguma maneira, fosse protagonista. Personagem central na defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Goiás, na estruturação e curadoria  do Museu de Arte Sacra, na luta pela reabertura e manutenção do Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara; pelo Fica, Procissão do Fogaréu, duplicação da rodovia Goiânia-Cidade de Goiás, pela Casa de Cora Coralina e de tantas e tantas lutas sociais, tia Tó passa para a história como grande ícone da memória e da história de nosso estado.

Depois de fazer tanto o bem aqui na Terra, com certeza colaborará, a partir de agora, com a obra do Criador, intercedendo por todos nós. Beijos, minha querida amiga!

Tia Tó

Antolinda chegou a Goiás com pouco mais de dois anos de idade. Empresária e proprietária da Pousada do Sol, que fica no Centro Histórico, ela era uma cidadã ativa na cidade. Considerada defensora da cultura vilaboense, Tia Tó foi uma das responsáveis na luta pelo reconhecimento de Patrimônio Histórico e Cultural concedido pela Unesco à cidade em 2001, e também foi a única diretora do Museu de Arte Sacra da Boa Morte durante 19 anos.

A empresária sempre foi figura presente em eventos políticos, culturais e sociais da cidade. Trabalhou por 40 anos na Casa Veiga, o estabelecimento comercial mais importante da Cidade de Goiás. Foi convidada para ser guardiã das igrejas do município pela Fundação Nacional Pró-Memória, e precursora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-se funcionária pública federal.

Tia Tó foi eleita pelo Instituto Biapó como a personagem como curta-metragem Museu Boa Morte através do olhar de Antolinda Borges. Na produção, ela conta a história do museu, que fica no centro histórico da Cidade de Goiás. Em 2021, o filme foi esteve entre os selecionados do Festival de Cinema e Memórias Cerratenses (FCMC).

Além da produção do curta, o Instituto Biapó realizou, em outubro e novembro de 2019, uma exposição, intitulada “Museu de Arte Sacra da Boa Morte: celebração e reflexão”, para marcar essas datas especiais. A mostra circulante teve curadoria de PX Silveira e pode ser conferida na Catedral de Sant’Ana, na Pousada do Sol, no Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na Igreja Nossa Senhora da Abadia e no próprio Instituto Biapó.

O nome de Tia Tó esteve presente em atas oficiais de instituições como o Museu Casa de Cora Coralina, o Hospital de Caridade Dom Pedro da Alcântara, Organização Vilaboense de Artes e Tradições (Ovat), o Gabinete Literário, a Fundação Frei Simão Dorvi, entre outras.

Foi homenageada com a Medalha Veiga Valle e a Ordem do Mérito Anhanguera, honraria concedida pelo governo estadual.