Foi-se o tempo em que a opção por um contraceptivo oral era coisa apenas da mulher que queria evitar uma gravidez. Assim como foi-se o tempo em que engolir ou não engolir um desses comprimidos era uma decisão difícil, assombrada por sérios efeitos colaterais. Nos anos 1960, fórmulas elaboradas com altíssimas doses hormonais justificavam temores porque estavam por trás de problemas graves, como derrames. Esse cenário, no entanto, é passado. Por isso mesmo, os médicos não hesitam em receitar o medicamento inclusive para outras finalidades.


A receita básica da pílula permanece a mesma — uma combinação de versões sintéticas dos hormônios estrogênio e progesterona. “Mas os anticoncepcionais de última geração possuem níveis bem menores dessas substâncias e agem de maneira muito mais confiável”, garante o ginecologista César Eduardo Fernandes, da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo. E a ideia de que seu uso possa diminuir o risco de doenças, como endometriose e câncer de ovário, foi reforçada por uma recente revisão de estudos realizada por cientistas da Universidade de Viena, na Áustria. Eles cruzaram dados de centenas de pesquisas mundo afora e concluíram que há uma dúzia de motivos extras para a mulher tomar o remédio.