Na última terça-feira, 25, Carlos Alberto Torres, o eterno capitão da Seleção Brasileira, faleceu. O ex-lateral direito deixou muitas saudades no coração de todos os brasileiros, mas, especialmente, naqueles que são apaixonados por futebol.

Para homenagear o capitão da Canarinho no Mundial de 1970, o Portal 730 relembra uma entrevista concedida pelo “Capita” em 2012 à Rádio 730. Na ocasião, Carlos Alberto Torres fez comparações com o futebol de sua época, rememorou a conquista da Jules Rimet no México e pediu que o Brasil valorizasse os atletas campeões pela Seleção.

Com humildade, mas sem falsa modéstia, Torres preferiu não se intitular o melhor lateral-direito da história do futebol, contudo, afirmou: “os prêmios que ganhei falam melhor do que eu”. Ao eleger melhor jogador de todos os tempos, o Capita não hesitou: “De todos, o Pelé, para mim, foi o melhor”.

Sobre o tricampeonato mundial no México, Carlos Alberto Torres descreveu a conquista como “muito bonita”.

“Foi uma vitória muito bonita da Seleção Brasileira. Era um momento que o futebol brasileiro estava um pouco desacreditado depois do fracasso na Copa de 1966 na Inglaterra. Aquela vitória de 1970 veio para recuperar o prestígio da Seleção Brasileira”, disse.

Momento marcante no Mundial de 70 foi o quarto gol brasileiro na goleada de 4 a 1 sobre a tradicional Itália. Na jogada, Carlos Alberto Torres completou para as redes uma bela jogada coletiva. Para o ex-lateral, o gol foi belo por conta da trama ofensiva.

“Foi uma jogada bonita. A bola veio de trás, com o time tocando a bola. Nosso time tinha como característica jogar para a frente. Mesmo com a vitória garantida, estava 3 a 1 faltando quatro minutos, o time começou a tocar a bola na intermediária esperando que resultasse no quarto gol. Esse gol tem sido apontado várias vezes, tenho inclusive três troféus, como a jogada mais bonita. O chute foi normal, mas a jogada que originou o gol foi realmente muito bonita”, contou.

Confira a entrevista na íntegra:

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Comparações: Futebol antigamente e hoje

“O futebol não era tão preso a esquemas. O jogador tinha mais liberdade para tentar jogadas individuais. Hoje, você dificilmente vê um jogador tentando decidir um jogo em uma jogada individual. Um Garrincha, um Pelé, tinham liberdade e tinham liberdade para fazer jogadas que realmente decidiam as partidas”, ponderou.

“O futebol evoluiu. Principalmente na parte financeira. Todos os meninos sonham em se tornar jogador de futebol, porque dá para fazer o pé de meia. Não são todos, mas aqueles que jogam mais ganham muito bem, fazem grandes contratos, inclusive de publicidade, que na minha época não existiam”, relatou.

Valorização

Um tema que sempre aparece na mídia é o descaso com atletas que marcaram história por seus clubes e a seleção nacional. Endossando o apelo de muitos fãs do futebol da antiguidade, Carlos Alberto Torres fez um apelo.

“Eu acho que os jogadores que iniciaram essa trajetória que fez o Brasil ser pentacampeão deveriam ser mais valorizados. Principalmente o pessoal de 58, 62. De 1970 até hoje todo mundo fala, mas não tem a mesma valorização. Se você pegar europeus que foram campeões do mundo, todos são ou dirigentes de clubes, ou técnicos de categorias de base de seleção. Todos são muito bem aproveitados, o que não ocorre aqui no Brasil”, completou.