Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 60% dos lares em insegurança alimentar no Brasil são chefiados por mulheres e que 55% das famílias em insegurança alimentar são formadas por pessoas pardas e com baixo nível de escolaridade. Em participação no Tom Maior, a nutricionista Thaisa Rocha, afirmou que não adianta querer resolver o problema da insegurança alimentar sem resolver outras questões que também afetam as mulheres.
Thaisa Rocha é coordenadora do curso de Nutrição da PUC Goiás. A professora sabe que a insegurança alimentar afeta mulheres em situação de vulnerabilidade social, mas ligou a resolução do problema a outras questões.
“Em 2010, nós tínhamos 39% dos lares chefiados por mulheres apenas, agora em 2025, 15 anos depois, nós temos 50% dos lares. Então, o que acontece é que a mulher vai agregando serviços e tarefas a sua vida, ela precisa trabalhar fora, normalmente a mulher está ligada aos cuidados da casa e quando eu falo cuidados da casa, é cuidar da mãe, do pai doente, da criança, então ela vai somando atividades”, destacou.
Toda essa questão social que envolve as mulheres e a presença delas na sociedade, para a nutricionista, está totalmente ligada à insegurança alimentar. Assim, Thaisa Rocha explicou que ao pensar na vulnerabilidade alimentar ligada às mulheres é preciso pensar também na sobrecarga que essas mulheres carregam.
“A gente precisa começar a pensar por que elas trabalham, mas não têm acesso à gerência, à organização, por que elas chefiam os lares, mas não têm posse das propriedades, então é tudo muito contraditório”, disse. “Não adianta a gente querer resolver a insegurança alimentar se a gente não resolver a base dos problemas, nós temos a base da educação, a base da posse da terra, então a gente precisa começar a discutir por que que ela está passando essa fome, por que ela está em vulnerabilidade”, argumentou.
A questão social da mulher na sociedade é a base para os dados do IBGE, por isso, é preciso pensar neles quando pensamos na resolução do problema. Conceito amplo, insegurança envolve nossas preferências, acesso aos alimentos, é sobre a quantidade e a qualidade do que a gente come, se o prato é nutricionalmente adequado, como contou Rocha.
“A insegurança alimentar envolve vários itens. Primeiro a gente tem a quantidade, depois a gente tem a qualidade, depois nós temos a frequência com que a gente come esse alimento, nós temos também o acesso ao alimento e nós temos a questão da cultura que tem que ser levada em conta, a gente não pode comer qualquer coisa só porque é comida. Essa comida tem que estar ligada à nossa cultura, às nossas origens, aos nossos hábitos e preferências”, destacou.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 02 – Fome Zero e Agricultura Sustentável e o ODS 05 – Igualdade de Gênero.
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