O Metsul Meteorologia publicou um mapa do clima do Brasil que preocupa cientistas em todo mundo. A imagem é do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine e revela uma sequência de temperaturas muito acima da média em outubro em várias áreas do país. Então, a estimativa é que novembro também seja “excepcionalmente quente”. Mas o Metsul afirma que o que está ocorrendo no clima do Brasil “não é normal”.

“O que se vê no mapa deveria preocupar a todos os brasileiros. Não é normal que um mês registre temperatura tão acima da média numa área tão imensa do Brasil e muito menos normal que o mês termine com temperaturas 2ºC a 6ºC acima da média histórica em quase metade do país. Os impactos de temperaturas tão fora da curva histórica por longos períodos têm efeitos nocivos para a saúde humana, flora e fauna, e ainda para a economia, sobretudo a agricultura”, aponta a publicação.

A previsão é que a nova onda de calor no território brasileiro chegue com recordes históricos de 45°C para algumas regiões. O mês de outubro já foi muito quente, com a média da temperatura global que quebrou o recorde em 0,4 graus celsius. A média é 1,7°C mais quente do que a média de outubro do período de referência pré-industrial (1850-1900). No Brasil, foi o outubro mais quente desde 1961.

Altas temperaturas

O mapa publicado pelo Metsul  mostra as anomalias de temperatura no Brasil no mês de outubro. Os cientistas espantaram-se com a enorme faixa do território brasileiro com temperaturas acima dos padrões históricos para o Norte, Nordeste, Centro-Oeste e o Sudeste. 

“O aquecimento foi muitíssimo acima do normal principalmente entre o Pantanal e o Cerrado. O aquecimento muitíssimo atípico chamou atenção de especialistas em clima no exterior que destacaram a excepcionalidade do que se enxerga no território brasileiro” destaca o Metsul.

Por causa da manutenção das altas temperaturas, o Inmet emitiu um alerta de calor num aviso meteorológico especial de nível amarelo (perigo potencial) para áreas do Centro-Oeste e Sudeste. O calor intenso deve continuar nos próximos dias com a previsão que indica temperaturas de 5ºC acima da média.

“A partir do sábado (11), se a situação persistir, o aviso de onda calor será atualizado e poderá se expandir ou até mesmo ter o seu nível de severidade alterado. Em alguns municípios, principalmente dos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as temperaturas máximas devem superar os 42°C nos próximos dias”, diz o  Instituto.

Outubro mais quente em 62 anos

O mês de outubro passado foi o mais quente desde 1961 no Brasil e as médias de algumas capitais ilustram o aumento das temperaturas. Campo Grande registrou mínima média de 23,2ºC, ou seja, 3,2ºC acima da normal climatológica.  A média máxima da cidade foi de 34,9ºC, portanto 3,6ºC acima da climatologia. 

Cuiabá tem média máxima histórica mensal de 35,1ºC para outubro, mas registrou 39,4ºC. Além disso, o município teve 14 dias com temperatura acima de 40ºC no mês.

Para o Metsul, a influência do El Niño não pode explicar sozinha os quatro meses consecutivos de temperaturas recordes no Brasil. “O que está se testemunhando no nosso país se insere em um contexto muito maior em que os mesmos quatro meses também foram de temperatura recorde no planeta”, aponta.

A Climate Central realizou uma pesquisa na qual afirma que as ações humanas são as principais responsáveis pelas ondas de calor. Além do agravamento dos efeitos da crise climática em níveis globais. Confira a evolução das temperaturas no gráfico.

Foto: Climate Central/ Divulgação

Alerta

O portal reforçou que as altas temperaturas deveriam ser motivo de preocupação para os brasileiros. No entanto, argumenta que o país está acompanhando a média de temperaturas global de todo o planeta.

“O Brasil, assim, está apenas acompanhando uma tendência de aquecimento acelerado da Terra nos últimos meses que não apenas está alarmando a comunidade científica como desencadeou uma enorme discussão entre os maiores especialistas em clima do planeta que buscam respostas para a Terra ter entrado em um ritmo de aquecimento muito mais rápido que o projetado nos últimos meses, o que passa pelo efeito estufa dos gases antropogênicos, mas poderia ter outros fatores contribuindo”, destaca.

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