2023 deve ser o ano mais quente dos últimos 125 mil anos. A informação divulgada nesta quarta-feira (8) pelo Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia aponta a combinação do El Niño com o aumento dos gases do efeito estufa como a causa do “calor extremo”.

Segundo o observatório europeu, o último mês de outubro foi o mais quente do período ao quebrar o recorde em 0,4 graus celsius. A margem é considerada enorme, pois foi 1,7°C mais quente do que a média de outubro do período de referência pré-industrial (1850-1900). 

Samantha Burgess, vice-diretora do observatório, afirmou que em outubro houve uma anomalia de temperatura “muito extrema”. Giovani Dolif, meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explicou ao portal G1 que a sociedade precisa controlar as emissões de gases que agravam o efeito estufa da Terra. 

Dolif contou que a temperatura dos oceanos e o que ocorre na atmosfera são dinâmicas independentes. “A combinação de um oceano mais quente com a alta crescente do calor na atmosfera causou o que estamos vendo agora. É preciso controlar as emissões de gases para que a gente não tenha, na soma desses dois eventos, recordes de calor como o que estamos vivendo”, afirmou.

Calor extremo

O inverno brasileiro terminou com uma forte onda de calor que atingiu vários estados do país. As altas temperaturas chegaram a mais de 43°C em diversos municípios. Além disso, o planeta registrou o dia mais quente da história em julho. 

O Centro Nacional de Previsão Ambiental dos Estados Unidos registrou a temperatura média global de 17,01ºC. O recorde anterior era de 16,92° C, registrado durante agosto de 2016. O fato gerou ondas de calor intensas nos Estados Unidos, China e África.

Giovani Dolif apontou que é preciso controlar o que a sociedade consegue por si mesma manter sob controle, ou seja, as emissões de gases. Mas, Luciana Luciana Gatti, pesquisadora especialista em emissões de carbono do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirmou que as emissões estão aumentando a cada ano.

“A humanidade sabe que isso está acontecendo e as emissões não só não diminuem como aumentam. O ser humano está caminhando para a catástrofe conscientemente”, disse ao G1.

Aquecimento global

O aquecimento global refere-se ao aumento anormal da temperatura do planeta Terra. Nas últimas décadas, por causa das atividades humanas que emitem gases que alocam-se na atmosfera, a média desse aquecimento subiu rapidamente.

O ar atmosférico tem influência na chegada de diversas catástrofes naturais, com os efeitos das chuvas intensas e das secas extremas. Para desacelerar o aquecimento global, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas estipulou a meta de manter a temperatura média do planeta em 1,5ºC até 2030.

Desde então, os países realizaram diversas conferências climáticas para alcançar a meta, com papel central do Acordo de Paris de 2015. No entanto, na semana passada, o Imperial College de Londres publicou um estudo na Nature Climate Change no qual revela que o planeta pode alcançar o aumento médio da temperatura de 1,5ºC já em 2029. 

*Com informações do G1

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