A cidade vive mais uma ameaça de epidemia de dengue e o fato é que a doença poderia ser erradicada com ações mais eficientes dos governos e apoio da população. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, no ano passado foram notificados em Goiás 160.090 casos de dengue. Esse número significa um aumento de 401% em relação a 2012, quando foram registrados 31.952 casos. Os mais de 160 mil casos registrados no ano passado significam mais 160 mil atendimentos médicos, mais gastos e menos qualidade na rede pública de saúde.

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Os casos teriam aumentado porque a população baixou a guarda e deixou o mosquito transmissor proliferar. A tendência, de acordo com a secretaria, é a epidemia ser ainda mais forte este ano. Apesar de as autoridades de saúde e sanitárias terem todas as informações sobre a doença e conhecer os meios de combatê-la, a dengue tem sido um desafio para os governos.

O primeiro caso de dengue no Brasil foi registrado em 1865, na cidade de Recife, e a primeira epidemia aconteceu em Salvador, em 1872. O mosquito, que aportou no Brasil com os navios negreiros que vinham da África, chegou a ser erradicado na década de 50, mas retornou na década de 80, e, no ano seguinte, provocou uma epidemia em Roraima. De lá pra cá, os surtos da doença têm sido recorrentes em todo o país.

Já se sabe que o controle da doença não se dá somente por meio da eliminação do mosquito, mas tal conhecimento não tem mudado a evolução da doença porque as autoridades não conseguem eliminar os criadouros que se escondem no interior das casas e também nos lotes baldios e construções. Para cada mosquito existem 400 larvas prontas para eclodir e dar vida a outros mosquitos.

A superintendente de Vigilância em Saúde, Tânia Vaz, admite que tanto a população quanto o poder público falham ao combater esses criadouros e que esse trabalho, que é a base para a erradicação da doença, não tem sido eficiente em Goiás. A culpa é dos moradores – que não cuidam de suas hortas, mas é principalmente dos responsáveis pelo controle da doença, que não conseguem entrar nessas hortas para fazer o trabalho necessário.

É papel dos governos conscientizar a população da necessidade e urgência de se combate os criadouros, mas os moradores da cidade têm um papel coadjuvante nesse processo. O protagonismo cabe ao poder publico, que tem o dever de eliminar o risco de qualquer epidemia independentemente da ação dos moradores. Esse é o papel do Estado.