O aguardado lançamento internacional do jogo eletrônico FIFA 21 se aproxima. Marcado para 9 de outubro, esta será a 28ª edição do simulador de futebol desenvolvido pela Electronic Arts (EA) e a primeira a atender aos consoles da próxima geração. Na versão brasileira, o apresentador Tiago Leifert foi a voz do game desde o FIFA 13, e a grande novidade deste ano será a estreia do narrador Gustavo Villani.

Acerca da mudança na voz padrão do jogo eletrônico no Brasil, o repórter Rafael Bessa entrevistou os protagonistas na novidade. Além do narrador do Grupo Globo, o especialista em português brasileiro na equipe de localização da Electronic Arts, que fica em Madri, na Espanha, Daniel Perassoli também participou da conversa para o Sistema Sagres de Comunicação.

De início, Perassoli ressaltou que, sobre Tiago Leifert, “temos que agradecer o que fez nesses oito anos que esteve conosco. Era muito popular e com um índice de aprovação altíssimo, mas ele decidiu que era hora de sair e o primeiro nome que sugeriu foi o do Guga. Quando começamos a conversar sobre substitutos, o Guga foi o primeiro da lista, pelo perfil dele, jovem e descontraído, que achamos que tinha tudo a ver com o Fifa”.

“Quando conversamos com ele, chegamos a um acordo muito rápido. Então começamos a acompanhar tudo o que ele fazia na TV e transcrevíamos todos os jogos para começar a entender como conseguiríamos adaptar o que ele fazia na TV para funcionar no Fifa. O resultado ficou muito bom e o pessoal que jogar a partir do mês que vem vai adorar e ver o Villani da TV aplicado no Fifa”, completou.

Entre as marcas da sua narração, Villani carrega o bordão ‘gol de video game’, que no jogo eletrônico “ganhou mais vida. Era um entre tantos, para um momento específico do jogo, que é um gol tabelado, com muitas trocas de passes. Quando o Tiago me ligou, e comecei a imaginar tudo da televisão no video game, é claro que esse bordão ficou mais destacado. Não que os outros não sejam importantes, cada jogo tem tem ‘joga a luva, goleirão’, ‘tá com frio pega esse lençol’, ‘já vai, volta aqui, tá cedo’, enfim”.

Processo de gravação

Para o registro da nova narração, foram necessárias 80 sessões de cinco horas. Com a equipe dividida entre Espanha e Brasil, Daniel explicou que “a tecnologia ajuda e, nessa época, está sendo mais útil. Quando ele (Villani) foi ao estúdio, explicamos para ele como era o trabalho, acompanhando tudo de Madri. Fomos um pouco os olhos dele para o que não estava vendo. Principalmente nas primeiras sessões, era importante dar um suporte para ajudar ele a imaginar o que não estava vendo para narrar como se estivesse vendo”.

“O Guga tem um passado no rádio também, então acredito que, dentro de uma cabine, imaginando como que tinha que passar a emoção, ajudou muito. Estávamos preparados para as primeiras duas, três horas de gravação jogar fora, porque a pessoa normalmente não está acostumada, mas a primeira linha que ele gravou está no jogo, não perdemos nada do que fez”, completou Perassoli, responsável pela versão brasileira do game.

Por falar em rádio, “uma grande novidade do FIFA 21 é o plantonista esportivo, que no rádio é muito importante. É uma novidade bem legal, principalmente nesses momentos que você está dependendo do resultado de outro jogo que está acontecendo ao mesmo tempo. Agora, durante a transmissão, o plantonista fala o que está acontecendo e no Fifa teremos o André Sauer, que é um dublador com uma carreira muito extensa”.

Sobre a interferência da pandemia nas gravações, “na fase final, a coisa começou a ‘apertar’ no Rio, então precisamos ter todo um cuidado. Tivemos só o técnico de áudio com ele no estúdio, que era desinfectado antes. O Guga chegava de máscara e ia direto para a cabine. O diretor de áudio, que normalmente estaria no estúdio, estava acompanhando por videoconferência e nós também, aqui de Madri, cada um na sua casa”.

A nova voz do FIFA 21

Para Villani, a revelação no último mês “foi um alívio, porque sei desde 2018 que vou fazer o FIFA 21. Depois do convite, de aceitar e assinar contrato, tive que esperar o Tiago gravar o FIFA 20 e só então comecei. Foi um período de espera e confidencialidade para que não estragasse o anúncio e tudo o que estamos vivendo. A minha responsabilidade é muito grande, mas o meu sentimento agora é de alegria, de poder dividir a notícia com as pessoas e desfrutar um pouco de todo o esforço”.

Afinal de contas, “gravei o Fifa com a minha mulher grávida e a Isabela, minha filha mais nova, nasceu no período, então tive que fazer uma pausa para acompanhar o nascimento dela e depois retomar as gravações em meio às férias. Tive que ‘equilibrar pratos’ ao longo do processo, com o nascimento da minha filha e as viagens profissionais. Tudo isso demandou muita ausência quando a minha mulher precisava”.

Apesar da grande experiência como narrador de futebol, reproduzir a narração no jogo eletrônico exigiu “muito esforço físico e mental de imaginar as jogadas e gravar por cinco horas. É muito fora da minha realidade gravar uma sessão de 20, 30 gols, e tenho que cumprir a expectativa de quem está esperando o narrador da TV Globo. Não podia ‘abaixar a guarda’ para cinco, seis gols, tinha que manter o nível de emoção, inventividade e imaginação”.

Por isso, “é um exercício de imersão e imaginação pura, e o rádio me acrescenta muito nesse aspecto, porque o rádio é um preenchimento de espaço a todo instante, e são técnicas e recursos que você vai adquirindo ao longo do tempo. A abertura de transmissão, mesmo na televisão, é um momento muito especial, porque você está começando um grande show. Última rodada do Campeonato Inglês, dia de final da Liga dos Campeões… Os grandes campeonatos estão no Fifa: são dias, jogos e transmissões especiais”.

“São grandes dias independentemente dos times e dos campeonatos. Quando vale taça é uma coisa, quando é semifinal é outra e fase de grupos tem outro tom. Isso tudo, na vida real, já sabemos, eu já vivi essas situações transmitindo os mais diferentes campeonatos, então era uma questão de transportar e imaginar. É um exercício muito legal. Apesar de sofrido, com muito trabalho e desgaste físico e mental, é tudo o que gosto de fazer na vida”, completou o narrador.