Em 2022, o Brasil iniciará a implementação do Novo Ensino Médio, a partir da 1ª Série. O projeto visa aulas em tempo integral, com menos matérias, mais flexibilidade e qualidade na Educação. Em entrevista à Sagres, a diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Cláudia Costin, explicou que o novo modelo de ensino terá cinco itinerários formativos, que são os conjuntos de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no ensino médio, conforme o site do Ministério da Educação.
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“Um dos itinerários é o técnico e profissional. Dentro dele, existe a possibilidade de se trabalhar, combinando aprendizado na escola, com aprendizado em ambiente de trabalho com a supervisão de professores. Quando a gente criou esse itinerário formativo 5, dentro do ensino médio, nós avançamos muito na direção correta de possibilitar o ensino médio técnico mais competente e com mais adesão do que nós tínhamos até então. É importante lembrar que só 9% dos alunos de ensino médio vão para o ensino técnico profissional dentro do modelo anterior. O que nós temos que conectar é cada vez mais a juventude com o mundo do trabalho”.
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A diretora detalhou que o Brasil tenta construir o Novo Ensino Médio há vários anos, porque com 13 aulas em apenas 4 horas, espremem o conteúdo, sendo possível apenas “pincelar” o material de cada disciplina, sem integração entre as matérias. “Finalmente nós vamos ter um Novo Ensino Médio, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular. 20 estados já ajustaram seus currículos à Base e enviaram para os conselhos estaduais de educação para aprovação, sendo que 12 já conseguiram, o Estado de Goiás, inclusive, já conseguiu homologar”.
Um novo modelo de ensino exigirá também que os alunos, professores e familiares se reinventem. De acordo com a diretora, os professores precisarão encontrar maneiras de motivas os alunos, inclusive, os de origem mais pobre, que vêm de famílias com pouco acesso à Educação.
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“E tem uma boa notícia, motivação é ensinável. Uma criança pode aprender a se motivar. É importante dizer isso em tempos de Covid porque 43% dos jovens brasileiros, numa pesquisa, disseram que não pretendem retomar os estudos. Nós vamos ter que fazer uma busca ativa desses alunos e mostrar pra eles que os sonhos podem virar projeto de vida e que eles podem aprender mais”, declarou.
A aplicação do Novo Ensino Médio no interior, com escolas funcionando em tempo integral, é possível segundo Cláudia Costin. Ela usou como exemplo o Estado de Pernambuco, que ela visitou recentemente a afirmou ter ficado muito impressionada. “Hoje, 70% da rede do ensino médio funciona em tempo integral, com um ensino de muita qualidade para a realidade econômica do Estado”.
Ela detalhou que, na cidade de Orobó, interior de Pernambuco, o Índice de Qualidade da Educação é maior do que a média nacional. A chave para o resultado e que possibilita a aplicação nas cidades espalhadas pelo Brasil é que com as aulas em tempo integral, os professores podem se dedicar exclusivamente dentro de uma única instituição.
“A grande vantagem da escola em tempo integral é que o professor não fica pulando de município em município para poder completar uma jornada de trabalho que lhe garanta algum salário. Com isso ele desenvolve trabalho colaborativo dentro de cada escola, conhece cada aluno, tem o tempo de trabalho extraclasse dentro da mesma escola com seus colegas. E os alunos enxergam os professores como mentores, com um trabalho que lida com um ponto importante, que é o protagonismo do aluno e o projeto de vida do aluno”.